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segunda-feira, 24 de abril de 2017

Da sua, sempre sua.


Eu não quero ser o seu mundo.
Quero ser aquela pra quem você corre depois de um dia exaustivo de trabalho. Aquela a quem você mostra seus medos, a quem você conta seus segredos. Eu quero ser paz no seu coração.
Não vou te cobrar compromisso, ou amor, ou ser exclusividade. Mas eu quero que você me ligue na madrugada bêbado e diga que não sabe por qual razão você não passou a noite comigo ao invés de se deitar com garotas tão vazias quanto você.
Quero ser aquela que tira de você o melhor que sei que você consegue ser. Aquela pra quem você chora, sem vergonha, sem preconceito, só pelo puro prazer de confiar.
Não quero ser um problema. Quero que me conte sobre aquela nova paquera; todo o tempo do mundo será nosso, não importando se você me ligou no meio de um encontro para dizer que está assistindo o nosso desenho favorito na FOX.
Quero que cozinhe para mim, mas acima de tudo quero que me busque em casa num dia de chuva para virarmos a noite jogando buraco, apostando todas as nossas peças de roupas até estarmos completamente nus, um nos braços do outro.
Não quero causar dor, amor. Mas se eu causa-la quero que você brigue comigo, como naquele dia em que eu achei que pudéssemos simplesmente esquecer um do outro e você me ligou dizendo que eu não passava de uma garota mimada e egoísta.
Quero ver você dançando para me fazer rir. Não quero que você se despeça. Eu quero que diga “ate logo” mesmo quando até logo signifique “até mês que vem”. Quero ser aquela pra quem você irá ligar quando estiver doente, aquela com quem você dormirá de conchinha, mesmo julgando conchinha coisa de “casalzinho modinha”. Aquela que será única em conhecer sua cara ao acordar, seu cabelo desgrenhado, e seus dentes sem escovar.
Não quero que você me chame de amor. Nós temos nosso próprio jeito de chamar um ao outro. Deixe o amor quieto para quem sabe amar. Nós não sabemos, ou até sabemos, mas temos medo de qualificar qualquer sentimento e nos decepcionar.
Eu quero ser a foto na sua escrivaninha. Quero ser a foto na tela do seu computador, aquela foto, daquele dia, em que eu bebi tanto que disse “eu te amo”. Quero que você fique olhando ela e pensando no quanto eu estava bêbada e linda naquele dia. E não importa, amor, quantas outras garotas você levará para sua cama, eu vou estar na tela do seu computador, na sua escrivaninha, e dentro do seu coração. Porque é exatamente assim que pretendo ser lembrada, como alguém que te deixou livre para fazer escolhas, conhecer novos rostos, novos gostos, muitas bocas e prazeres, e ainda assim você lembrará o caminho da minha casa.
Quero ser aquela a quem você segura a mão. Quero ser seu ciúme reprimido. Quero ser sua discagem automática no telefone, aquela que virará noites e noites conversando com você ao telefone, e vamos rir das artistas na TV, criticar os políticos das propagandas eleitorais e culpar a Dilma por tudo. Quero ser seu ombro amigo. Aquela a quem você abraçará e chorará. Aquela que você poderá ser você: chato, mandão, ciumento, resmungão, rabugento, marrento, brigão é cheio de si sem se preocupar com o que os outros vão pensar. Comigo você pode ser o que você quiser, desde que seja de verdade.
Não quero que me faça promessas. Quero que você esteja presente. Quero olhar para você e entender o que você está pensando, como naquele dia no clube, em que só te olhar senti meu corpo inteiro estremecer, por saber e sentir exatamente o que aquele olhar queria dizer.
Quero ser sua transa preferida. Seu suor mais trabalhoso. Quero ser sua parceira, amante, amiga.
E sobre ontem, quero que saiba que ele, e nenhum outro jamais terá a importância que você tem pra mim, porque eu amo você, desse jeito. Torto, orgulhoso, imaturo. Mas isso você já sabe, eu te disse bêbada um dia, o que você não sabe, amor, é que eu estava tão lúcida quanto estou agora. Eu nunca vou deixar você!
Seu tudo ou seu nada, mas sua. Sempre sua!

quinta-feira, 13 de abril de 2017

BEN & MELISSA - Parte I

Enquanto eu calçava o salto e corria para atender à porta tomei o cuidado de me avaliar uma última vez no espelho, meus cabelos estavam molhados ainda, não deu tempo de secar, mas eu estava bonita. Simples, do meu jeito, mas bonita do jeito que ele gosta. Tive a delicadeza de escolher uma lingerie branca porque é a cor que ele disse que gostava e coloquei um vestido preto que eu adoro, porque preto é a cor que eu gosto. Não estava tão diferente assim da última vez que ele me viu, exceto pelo vestido elegante e os saltos, Ben sabe que eu não gosto de usar saltos, mas sabe que eu gosto de ficar bonita pra ele. Então, ele merecia um tratamento especial hoje. Fiquei pensando por um tempo se eu deveria usar maquiagem, me perdi em pensamentos e fui arrancada do meu devaneio pelo som da campainha que tocava insistentemente pela quinta vez, respirei fundo e decidi que se eu não gosto de maquiagem não iria usar, afinal, eu sempre fui daquele tipo de mulher que sabe o que quer e não muda para agradar. Me apressei para abrir a porta e quando enfim ergui os olhos lá estava ele, tão bonito quanto a última vez que o vi, fitou meu olhos uma vez e não fez questão de disfarçar enquanto os descia pelos meus lábios, pescoço, o decote em "v" do meu vestido até chegar nas pernas à mostra, depois com um sorriso lindo me olhou nos olhos novamente, ergueu o vinho tinto com uma mão e disse: - Achei que você não ia mais atender à porta. Não vai me convidar para entrar?! 
Ben estava com uma calça jeans clara, uma camisa social com mangas dobradas até o cotovelo, e três botões abertos que me fizeram até perder o ar por alguns segundos, me afastei para que ele pudesse entrar e fechei a porta atrás dele. Como não sou boa na cozinha, comprei nossa comida em um restaurante da cidade mas por algum motivo enquanto eu pegava as taças na copa eu sentia que nenhum de nós estava com fome, não pelo menos de comida. Enquanto eu me equilibrava nas pontas dos pés para pegar as taças senti um calor grande atrás de mim e mãos fortes seguraram a minha cintura, ele encostou a boca na minha orelha e sussurrou: -Cuidado que você cai! Deixa que eu pego para você, não quero que você se machuque! 
Pegou as taças e se recostou ainda mais atrás de mim, me empurrando delicadamente contra o armário para que pudesse pega-las. Colocou os braços ao meu redor e sem me deixar fugir colocou o vinho nas taças, mas eu nem sabia mais se queria beber vinho, na verdade eu estava de olhos fechados sentindo o calor do seu corpo e seu perfume que incendiava todo o meu corpo, sem que eu me desse conta ele me virou de frente, tomou um gole de vinho e me beijou. Esse era o tipo de poder que ele tinha sobre mim, quando estávamos juntos eu me esquecia de que era necessário ser forte e tomar as rédeas, eu só queria que ele me pegasse no colo e me levasse para a cama o mais rápido possível, me despisse de todos aqueles panos enquanto me beijava em cada canto do corpo e sussurrasse palavras doces e sádicas ao mesmo tempo. Ben era bom no que fazia e sabia disso. Depois de um longo e lento beijo com a testa encosta na minha e olhos fechados ele disse: -Amor, eu não quero comida, eu quero você! Preciso de você! 
Antes que eu pudesse protestar ele selou minha boca com um selinho e desceu até meu pescoço, deixando a taça sobre a bancada do armário e entrelaçando os dedos no meu cabelo enquanto inclinava minha cabeça delicadamente para trás, ele beijou tudo que estava a mostra na parte de cima do meu corpo, e quando finalmente ele chegou no decote no meio dos meus seios suspirei fundo e me entreguei, pulei no seu colo e entrelacei minhas pernas na sua cintura. Naquele instante eu não sabia mais onde eu começa e onde ele terminava, estávamos tão eufóricos e excitados que não sei exatamente em que momento ele tirou meu vestido, de repente eu já estava sem, ele saiu me carregando pelo corredor, me esbarrando na parede e quando finalmente chegou ao quarto né jogou na cama e sem tirar os olhos de mim desabotoou cada um dos botões de sua camisa. Ele é tão lindo, não me canso de olhar. Mordi meu lábio enquanto ele tirava a calça e deixava à mostra sua cueca que mostrava exatamente que eu tinha um certo poder sobre ele também. Ben não sabia se conter ao meu lado, e eu não queria isso. Fizemos amor a noite toda, trocamos de posições, de lugar, de ritmo; às vezes lento, as vezes rápido, com força e com delicadeza, no quarto, no sofá, na mesa da cozinha, no chão da sala e quando finalmente estávamos exaustos e suados nos entregamos ao nosso último orgasmo da noite. Fiquei deitada sob seu corpo nu ouvindo sua respiração lenta e fazendo círculos com o indicador no seu umbigo, quando enfim levantei a cabeça para encara-lo ele já havia adormecido. Simples assim. Comigo. No chão da sala. Com uma das mãos ainda nas minhas costas. Ele baixou todas as guardas para que eu pudesse confiar nele, e a única coisa que eu pensava enquanto bocejava para adormecer com ele era que aquele, sem dúvida, era meu momento preferido, quando ele adormecia ao meu lado e eu me sentia segura, desejada e amada como nunca havia me sentido na vida. 
O som estava ligado no volume 15 e antes que eu finalmente pegasse no sono começou a tocar na rádio lenta e intensamente a música favorita dele, a nossa música, e eu adormeci assim naquela noite: Exausta, suada, nos braços do meu homem e ouvindo Cherry Wine. Eu estava no meu local preferido no mundo.

terça-feira, 4 de abril de 2017

As vezes, o amor não é o bastante!

É tarde. Eu não sei exatamente a hora, não consigo me mexer. Estamos deitados na cama dele de barriga para cima, ambos encarando o teto e tentando entender o que está acontecendo. As mãos, que antes me guiavam pelos caminhos, me apoiavam e me erguiam, agora estão, as duas segurando a nuca dele, servindo de apoio para a cabeça que antes eu sabia exatamente o que pensava, mas agora não mais. As minhas estão sob minha barriga, tentando desfazer de alguma forma o nó que está no meu estômago.
O silêncio é ensurdecedor. No fundo, sei que estamos loucos para um de nós irromper o silêncio, mas sei também que ambos prometemos repetidamente em nossa cabeça: Não será eu!
Começo a sentir meus olhos arder. E enquanto luto desesperadamente para que ele não me veja chorar mais uma vez, me esforço para tentar entender quando foi que nós nos perdemos um do outro. Em que momento largamos nossas mãos. Em que estrada nos separamos e não soubemos mais voltar.
Ele suspira, como se estivesse cansado demais para falar qualquer coisa. Eu suspiro, como se quisesse ouvir qualquer coisa dele, qualquer coisa que fizesse sentido, porque agora nada mais faz.
Sinto uma lágrima escorrer pela maçã do meu rosto, não tenho coragem de limpar, só deixo ela descer. Permaneço imóvel. Mas essa gotinha de lágrima desencadeia uma tempestade sem fim no meu peito, e eu quase consigo ouvir os trovões, essa será das grandes. Em poucos minutos, eu já não aguento mais segurar o soluço e irrompo o silêncio com o som dos trovões que saem do meu coração. Droga de promessa! Droga de coração mole! Droga!
Minhas mãos que antes estavam sob minha barriga, agora estão no meu rosto, tentando esconder as lágrimas e guardar o pouco de dignidade que ainda me resta.
E então, como um choque térmico sinto mãos geladas envolverem as minhas. Agora ele está de frente para mim, me olhando nos olhos e tentando segurar minhas mãos de maneira que eu não consiga levá-las novamente ao meu rosto.
Sei o que ele está pensando: chorar não resolve nada! - e ele está certo.
Ele suspira uma segunda vez, gagueja antes de formular qualquer frase, mas  finalmente fala:
-Sinto muito! - ele ajeita um fio de cabelo solto atrás da minha orelha - Eu não sei o que dizer, eu... - ele fecha os olhos, como se quisesse convencer a si mesmo que vamos ficar bem - Eu preciso que você saiba que amo você, mas que as vezes, algumas vezes, a gente precisa se afastar da pessoa que a gente ama para que ela seja feliz. Talvez a gente se esbarre algum dia, e se isso que a gente sente for de verdade, vamos encontrar um jeito de voltar para o outro. Mas, agora eu não vejo outra alternativa senão te deixar ir. As vezes, o amor não é o bastante.
Ele beija as pontas dos meus dedos, me puxa para perto dele e enquanto abafa os soluços do meu choro fala baixinho: "Ta tudo bem! Tá tudo bem! Tá tudo bem...".
E eu estou aqui, sentindo o perfume que tantas vezes ficou cravado em minha pele, nos braços que sempre estavam estendidos para que eu pudesse me abrigar, nas mãos que tantas vezes me levantaram, ouvindo a voz que acalentava meu coração, sob os cuidados de quem eu não sabia mais viver sem, ou pelo menos, não queria. Fiquei encolhida no abraço dele por horas, e quando finalmente eu parei de chorar, olhei os olhos que tantas vezes iluminaram os meus dias, e vi o sorriso que fez meu mundo parar de girar desde o primeiro encontro. Repentinamente beijei os lábios que me deram prazeres, antes desconhecidos. E sussurrei: "Talvez essa seja minha maior prova de amor a você, te deixar livre para voar e rezar para que você perceba que seu lugar é do meu lado".
Ah, o amor! Isso que muitas pessoas falam e poucos sentem. Isso que eu sei que nós tínhamos e que tanta gente sonha em ter.
O amor é como uma Flor, cuidados demais o faz secar, cuidados de menos o faz morrer. Não sei em qual desses nós erramos, fato é que agora, olhando nesses olhos verdes que você tem, eu vejo que ele está cansado. Nosso amor está cansado demais para lutar em campo de batalha desconhecido.
Eu deveria ter me despedido dizendo que vamos nos encontrar, mas a única coisa que eu disse quando ele me deixou em casa foi "Te cuida", e meu coração gritava enquanto ele arrancava o carro: "Deixa eu cuidar de você, por favor, deixa eu cuidar de você!"