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sexta-feira, 16 de novembro de 2018

UM DIA

Um dia eu vou acordar e não vou mais me lembrar de você. Não vou me arrepender de ter apagado nossas conversas, ou me punir por ter dito algo que eu nem sei se disse. 
Um dia eu vou acordar e não vou querer saber como você está. Não vou pesquisar teu nome nas redes sociais e olhar tuas fotos na esperança de que eu veja algo que antes passou despercebido, ou digitar pelo menos dez mensagens por dia e apagá-las logo em seguida.
Um dia eu vou acordar e não vou sentir saudade da sua voz. Não vou esperar você me dar bom dia, ou desejar que você me ligue quando eu demorar muito a te responder.
Um dia eu vou acordar e não vou sentir vontade de te enviar aqueles memes, que achávamos tão engraçados e morríamos de tanto rir. Não vou ouvir uma música, qualquer uma, e tentar desvendar até a última letra para ver se se encaixa com a nossa história, ou assistir uma série sem querer compartilhar com você. (Por falar nisso, eu terminei aquelas três que você tanto disse que eu precisava ver.)
Um dia eu vou acordar e não vou querer te abraçar. Não vou desejar te encontrar mais tarde para te dar todos os beijos que negamos, ou para te ver sorrindo de uma maneira que só quem te conhece sabe.
Um dia eu vou acordar e não vou me lembrar de como você me olhava. Não vou me lembrar da maneira carinhosa como você me tocava, ou me lembrar dos arrepios que me causava.
Um dia eu vou acordar e você não estará mais aqui, dentro de mim. Eu não vou mais sentir saudade de você. Eu não vou mais me esforçar para lembrar a sua voz. Eu não vou mais ficar me martirizando para não esquecer as coisas que você me dizia, as promessas que você fazia.
Eu vou acordar e não vou mais precisar de você para saber que sou incrível, linda, ou que tenho uma covinha discreta quando sorrio, ou que viro os olhos para cima quando gargalho, ou que meus olhos brilham quando eu estou feliz.
Eu vou acordar e não vou me lembrar de você fazendo cócegas em mim, ou me encarando quando eu detestava, só pra dizer que eu sou linda. Vou acordar e não vou mais conseguir me lembrar do seu queixo partido, que me deixava louca. Do seu beijo que me fazia fechar os olhos, do seu cabelo que me fazia querer, sempre que o via, passar as mãos nele, as vezes até puxar.
Eu vou esquecer você. Eu vou acordar e você não terá a importância que tem. Você será só mais um cara, algum que chegou, que entrou, que bagunçou tudo que eu arrumei, que quase me fez acreditar que dessa vez seria de verdade, que me fez chorar de saudade, perder o apetite, o sono, a dignidade.
Você será só mais um que não ficou, que não disse adeus, que podia ter escolhido tudo, mas preferiu não ter nada. Só mais um, que foi embora. Tão burro quanto os que me perderam, tão covarde quanto os que não souberam se despedir.

Neste dia, talvez, você sinta saudade.
Até lá, sou eu quem sente.

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

SINTO FALTA

Eu sinto sua falta. 
Sinto falta de nós. 
Sinto falta de ver você me olhando como se eu realmente fosse tudo que você sempre quis em alguém. 
Sinto falta de ouvir você dizer que me ama.
Eu sinto falta de me sentir segura com relação a você, a nós.
Eu sinto falta da paz que acostumei a sentir do seu lado.
Sinto falta do ciúmes.
Sinto falta do carinho.
Sinto falta de você me cobrar um beijo sempre que eu entrava e saía do carro.
Sinto falta de você dirigir segurando minha mão.
Sinto falta de ter um tempo com você.
De sair para jantar aos sábados.
Sinto falta do seu abraço.
De você dizendo que sentiu meu cheiro no seu travesseiro.
Sinto falta de me sentir amada por você.
Não basta ser amada por todo mundo, eu quero que você me ame.
Sinto falta de sentir que você se importa.
Sinto falta de você fazendo questão da minha companhia.
Sinto falta do calor, dos elogios, do desejo.
Eu sinto falta de beijar você.
De acordar com uma mensagem de bom dia e ir dormir com uma de boa noite, sabendo que sou sempre seu primeiro e último pensamento do dia.
Sinto falta de me sentir suficiente para você.
Sinto falta da me sentir importante.
Sinto falta de ouvir sua risada.
Sinto falta da certeza de que sempre que eu precisasse você estaria do meu lado.
Sinto falta do nosso tempo juntos.
Sinto falta de você.
Sinto muita falta de você.
E mesmo que eu ache, do fundo do meu coração, que nós nos perdemos um do outro no caminho, eu sempre tento te encontrar, porque honestamente eu não saberia sobreviver sem você do meu lado.
E todas as vezes que eu penso em me afastar, eu sinto falta da sua voz. Sinto falta de sentir sua falta, sinto falta de poder te chamar de amor, sinto falta de me sentir insegura por você.
Sentir sua falta já faz parte de mim.
E eu vivo sentindo sua falta. Rezando para que você acorde em uma manhã e diga que me ama sem que eu tenha dito primeiro, ou que você chegue em casa e me mande uma mensagem avisando... Eu espero... E enquanto espero, eu vou sentindo sua falta, e amando você da minha maneira... da única maneira que aprendi a te amar, do jeito que você é.
Mas quero que saiba, que se o meu amor não for suficiente para nós, eu vou continuar te amando mesmo assim... calada, distante mas sempre te amando.
Se houver algo que eu possa fazer para melhorar isso, me diga.
Se existe algo que queira me dizer, me diga.
Só não me deixe viver sentindo sua falta para sempre.

domingo, 11 de novembro de 2018

O INFINITO DO UNIVERSO




Você não entende, talvez nunca consiga entender; escolhi você. E não importa o tempo que se passe ou quantas pessoas maravilhosas eu conheça, quantos namorados eu tenha, quantas paixões eu viva, no fim eu sempre corro para você.
Quando preciso recarregar minhas energias, quando preciso acreditar em algo bom, quando preciso de carinho ou até mesmo quando preciso de proteção. Você me acolhe. Você me entende. Você cuida de mim.
Eu queria entender a razão de isso tudo acontecer. Você e eu. Queria entender porquê, depois de todos esses anos, eu ainda pensar em você e em tudo que nós poderíamos ter sido um para o outro. Será que teríamos sido felizes? Será que ainda estaríamos juntos?
Veja bem, meu bem, você é a melhor lembrança que tenho. Sempre que imagino um amor, como dos filmes, penso em você. Tudo que te dei. Tudo que entreguei de bandeja para que você tomasse como seu. Tudo que fui para você e tudo que você foi para mim. Mas logo penso que não foi suficiente. Penso que você deveria ter me escolhido e não escolheu. “Mas nós éramos tão jovens...” - eu repito mentalmente, querendo me convencer de que ser jovem demais é um problema. Mas não era. Não é.
Podíamos ter sido grandes. Podíamos ter feito durar. Podíamos ter lutado um pouco mais. Eu tentei. Eu lutei. Eu me reabasteci de esperanças todas as vezes que você aparecia no meu portão; as mãos enfiadas no bolso, o olhar sério, o cheiro daquele perfume que eu adorava e que só você usava, as camisas sociais e o sorriso de moleque quando perdia outra batalha para minha teimosia. 
Ah, nós tínhamos tudo para conquistar o mundo juntos. E eu estava disposta. Eu estava mesmo.
Mas você se foi. 
Engano seu, pensar que eu acredito naquele ultimato como se fosse um verdadeiro motivo. “Essa vai ser a última vez...” - você disse antes de entrar naquele carro e levar tudo de mim. 
Mas eu era teimosa. Eu ainda sou, se te interessa saber. Há hábitos que são incuráveis.
Deixei você ir, e soube naquele instante que você não voltaria. Todo o resto, tudo que veio a seguir... As declarações, as ligações na madrugada, os beijos em pessoas sem graça só para fingir que eu estava bem, as súplicas, as visitas inesperadas no seu portão, a mania frequente de querer saber sobre você... O medo, a saudade, o vazio. Tudo isso foi real. Tudo foi de verdade. Eu era de verdade.
Todo aquele tempo, eu fui real. Eu estava lá para você. Mesmo quando eu tentava seguir em frente, eu estava lá para você. Mesmo quando eu assumia outros relacionamentos, eu estava lá para você. Mesmo quando eu fingia não me importar, eu estava lá para você. Mesmo quando você me magoava incessantemente e constantemente, eu estava lá para você. 
Porque foi isso que eu aprendi amando você. Eu aprendi a estar lá e no fim aprendi que eu mereço alguém que esteja lá por mim também.
É isso, eu esperei por você todos esses anos. 
Eu sempre pensei que haveria a cartada final, e eu largaria tudo para correr para seus braços. Eu sempre esperei o ato inesperado. A exceção. 
Mas hoje eh percebi que de tanto fingir que eu segui em frente, em um determinado momento no tempo, eu realmente segui.
Segui meu caminho sem você e parei de olhar para trás para ver se você estava lá. Parei de desejar te encontrar nas esquinas em que eu virava. 
Um dia eu acordei e era só eu. Eu não me importava mais com quantas garotas você estava saindo. Eu não me importava mais com tudo que você arrancou de mim naquele fim de agosto.
E foi virando esquinas que me perdi de você, por completo.
Eu não nego, ver você me arremete a um passado que eu tento esquecer, mas que no fundo não quero esquecer. 
É como se eu estivesse no automático, minha vida está seguindo o fluxo que deve seguir, indo pela direção que deve ir, tomando as decisões mais lógicas, mas toda vez que eu te vejo eu sinto como se eu estivesse rodeado de mentiras.
Não sei se tenho medo de admitir que você foi só mais um, ou se não quero assumir que você foi e ainda é, tudo.
E agora eu compreendo tudo, não é você que tem que se perdoar, sou eu.
E eu não perdoo você por ter tido tudo de mim e ter desperdiçado.
Mas se quer saber um segredo; Você ainda é a minha pessoa favorita no mundo todo.
Até o infinito do infinito do universo. Você sabe.
Disfarça. Olha pro chão, mecha com os pés, jogue o cabelo. Solte aquele leve sorriso de canto de boca, haja como se não doesse mais, mesmo que doa, finja que não se importa. Coloque seu melhor vestido, seu sapato mais bonito, arrume-se e seja você. Só você. Sem aquela saudade interminável dos dias em que a ele buzinava na sua porta, sem aquela saudade da barba por fazer roçando no teu pescoço, sem o desejo de poder passar as mãos nos cabelos cacheados dele. Seja só você. A mulher indecisa, engraçada, inteligente, e livre que você sempre foi. Sorria para novas pessoas, conheça outros sorrisos, deixe que alguém te desvende. Pare de sabotar sua felicidade só porque ele não faz mais parte dela. Deixe que aquele carinha engraçado da balada te leve até em casa, beije de quiser beijar. Pare de tentar encontra-lo por aí. Pare de tentar saber por onde ele anda. Não seja mais o amor da vida de ninguém, seja o amor da sua própria vida.
Sobe aquele tal morro de sofrimento, para em cima dele e diga, ainda que com a voz emaranhada: “Eu venci”. Porque você venceu. Venceu todo aquele medo de nunca mais ser feliz sozinha. E provou para quem devia que a vida continua... E depois? Depois você volta pra casa, tira seu vestido, seu sapato, se descabele. Grite o quanto tiver vontade, chore tudo que está engasgado, e descanse, durma que amanhã é outro dia, e infelizmente o encanto da Cinderela dura só até meia-noite.

SOBRE ELA


Ela cresceu, demorou um pouco mas ela amadureceu também, aprendeu que a vida tem um jeito peculiar de mostrar o caminho que devemos seguir e o coração sempre será a melhor bússola.
Ela mudou. Cortou o cabelo algumas vezes desde que você se foi. Uma ou duas tatuagens, não sei... Algumas vezes muita maquiagem, para tentar esconder as cobranças que ela se faz dia após dia, outras vezes pouca, ou quase nada. Ela simplesmente lava o rosto e mostra tudo. Ela tem essa facilidade de mostrar a alma. Talvez você tenha sorte de ver.
Ela continua sorrindo como se a vida fosse uma melodia de Chico Buarque com Caetano. Ela ama sorrir, e continua sorrindo na tentativa de esconder as cicatrizes, continua sorrindo para brincar de que não sente tudo que sente, te enganar quando está magoada. O sorriso dela pode ser tudo. Pode ser o medo de não saber o que fazer, pode ser a vergonha de não conseguir te olhar, pode ser o entusiasmo e a euforia de não saber esperar, pode ser o coração dela querendo falar; o sorriso dela pode ser a tristeza que ela não quer demonstrar. Ela tem no sorriso uma arma fatal e uma válvula de escape, ela decide qual dos dois quer usar. Mas o sorriso mais bonito dela é o de felicidade. Quando ela está feliz, os olhos sorriem junto, as ruguinhas do nariz aparecem, a covinha modesta que ela tem na bochecha esquerda, se faz saliente.
Ela não consegue te olhar nos olhos porque ela está tímida. É assim que você descobre quando chega ao coração dela.
Ela te abraça e não quer te soltar. Encosta a cabeça do teu ombro e pede carinho. Ela te olha como se pudesse desvendar todos os teus segredos mais profundos. Ela monta o quebra-cabeça que é você. Monta, desmonta. Brinca. Tão menina, tão mulher, tão ela.
Ela ainda odeia pizza vegetariana, não sabe beber mas mesmo assim bebe, não sabe tomar sorvete sem se sujar, fica de pijama o dia inteiro se deixar. Ela conta os finais dos filmes, depois pede desculpa sem estar verdadeiramente arrependida. Ela pede pra você contar. Ela não dorme de barriga pra cima e ainda se gripa sempre que o tempo muda.
Ela continua acreditando nas pessoas. Ela diz que se deixar de acreditar perde a fé em si mesma. E ela acredita. As vezes, ela não parece pertencer a esse mundo. Ela jura que nasceu no tempo errado. Não sei. Só sei que tive sorte de nascer no mesmo tempo que ela.
A única mentira que ela vai te contar é: “Eu não quero me apaixonar!”- ela sempre quer! Ela acredita que amamos mais de uma pessoa na vida, mas que existe uma que é feita sob nossa medida. As vezes, temos sorte de encontrar essa pessoa, ou passamos a vida inteira procurando por esse amor ou desistimos. Fato é que pra ela o amor sempre é a melhor opção.
Ela é intensa. Tudo nela tem uma proporção maior do que você espera. Inclusive e, principalmente, o amor. Ela ama intensamente. Ela se entrega de corpo, alma e coração a tudo e todos que fazem por merecer, em razão disso ela se decepciona muito. Mesmo assim ela não desiste. Ela nunca desiste de ninguém. Se você é amado por ela, sinta-se privilegiado. Você é prioridade.
Ela é cuidadosa, e ama os animais. Está tão acostumada a sempre ter razão que é praticamente impossível você convence-la do contrário. Ela é inteligente e finge que não sabe disso, ainda fica vermelha sempre que recebe elogios e morde o lábio quando está nervosa.
O ciúme é o termômetro do gostar dela. Se ela sente ciúme, ela te ama. Ela é insegura, dengosa, mimada, pirracenta, teimosa, indecisa, carente e meiga. Está sempre disposta a ajudar quem ama, defender, aconselhar.
Ela fala demais quando está nervosa.
Ela mudou, mas continua sendo ela. Continua sendo dela. Continua vivendo do jeito que ela acha certo. E não não santo nesse mundo que a faça mudar de caminho. Quando ela decide uma coisa, meu amigo... Pode deixar. Enquanto ela não quebrar a cara sozinha, ela não desiste.
Tem o rosto pintado de estrelas. O rosto não. O corpo. A alma. Tudo nela brilha. Eu poderia contar cada pintinha dela e te dizer, mas aí eu estaria estragando a oportunidade de você ter o prazer de contar sozinho. O prazer de sentir o perfume suave dela no pescoço. Os fios do cabelo dela espalhados pela cama.
Ela entendeu, depois de todos esses anos, que vale muito mais do que imagina, e ela acredita que vai ter tudo que sonha, não porque ganhou de mão beijada, mas porque ela conquistou e mereceu.
Seja o amor que ela tanto deseja, ou seja só o amor dela. Tudo ou nada. Você escolhe, mas não se esqueça, é ela que decide quem fica!

terça-feira, 6 de novembro de 2018

(DES)APEGO

Eu acreditei em você. 
Eu até tinha outra escolha, eu até quis não acreditar, fingir que acreditava e rir por dentro. Mas acreditei.

Não faz mais sentido.
Assim como não faz sentido pensar em você do nada, ou querer ouvir sua voz sem motivo. Assim como não faz sentido ficar remoendo todas as coisas que eu poderia ter te dito, mas que eu guardei para não te fazer correr - olha que ironia, você correu de qualquer forma.
Não faz sentido, eu ficar olhando se você está online a cada segundo, muito menos ficar arquitetando uma história para poder puxar assunto. Nós costumávamos falar sobre tudo, parece que sempre existia algo para contar, para saber, para argumentar, para debater. É engraçado esse silêncio perturbador que a gente faz agora.
Não faz mais sentido sentir saudade de beijar você, ou abraçar, ou acariciar sua barba, ou mesmo contornar seu queixo com meu dedo. Não faz mais sentido querer ouvir sua voz. Assim como não faz sentido só dormir bem depois do seu “boa noite” ou de precisar do seu “bom dia” para que meu dia seja, realmente, bom. Nada faz sentido.

Eu fico remoendo isso, tentando encontrar uma razão. Tem que ter uma razão não é? Porque, não é normal alguém dizer que está apaixonado por você em um dia e no outro não te responder mais. Tem que ter um motivo, um porquê, um significado, uma teoria, uma explicação. Tem que existir algo.

Primeiro, eu pensei que a culpa fosse minha. Sim, minha. Pensei que eu tivesse te sufocado demais com meu sentimento, te pressionado demais a ser tão inteiro e intenso quanto eu. Pensei que eu tivesse entendido tudo errado, visto sentimento onde não tinha, interpretado todos os sinais de maneira equivocada. Pensei que todas aquelas vezes em que você me ligou fosse algo que eu havia criado na minha cabeça, ou as vezes em que você me mandou mensagem dizendo que estava apaixonado fosse alucinação. Procurei cada mensagem em nossa conversa. Li. Reli. Estava tudo lá.

Foi então que eu percebi que eu não era louca, que eu não estava errada. Eu percebi que não tinha culpa de você não honrar suas palavras, não cumprir suas promessas.

Você disse que não seria como ele, e agora onde você está? Disse que me merecia, que me provaria, mas está fazendo justamente o contrário. Você disse que não me deixaria desistir de nós, mas você largou minha mão em algum momento e eu não consigo mais te encontrar. Você disse que não me faria sofrer, prometeu, mas agora eu entendi que a única pessoa em que eu posso acreditar, é em eu mesma.

A saudade está me sufocando. Parece que tem um peso no meu peito que me impede de respirar. Você preenchia meus dias com cores que eu nem sabia que existiam, talvez não existam mesmo, agora que você se foi todas elas desapareceram. Tem saudade sua até nos meus sonhos. Tudo em mim fala de saudade.

Se eu fechar os olhos, talvez eu consiga reviver a última vez que nos vimos, o jeito como você me beijava, me olhava, me tocava... Sua voz dizendo que eu sou linda, suas mãos me puxando pra perto, e dizendo que amava minhas pintas, que quando eu sorria meus olhos ficavam lindos, e que eu tinha uma pequena covinha na bochecha. Tudo isso. Você dizendo que eu era intensa, e louca, mas que amava meu jeito louco. Que meu ciúme era engraçado, que não queria que eu mudasse.

Na última vez que nos falamos, você estava bêbado. Foi aquele clichê todo de o cara bêbado te ligar depois que chega em casa. Talvez você não se lembre, mas você disse que estava tão apaixonado e que nunca havia se declarado dessa maneira para ninguém. (Eu queria não me animar, afinal, você estava bêbado e nós sabemos que palavra de bêbado não vale nada.) Mas você disse, que quando um homem liga de madrugada e bêbado pra alguém, é porque ele quer falar tudo que não tem coragem de falar são. Disse repetidas vezes que eu era “tão linda”, que não se cansava de falar isso... E como se não bastasse, disse que eu era incrível, mas que eu não me dava conta disso. A última frase que você me disse foi “Diz alguma coisa!” - mas eu não disse nada. Para alguém que escreve tão bem sobre os sentimentos, que fala tanto quando não tem necessidade, eu me tornei muda naquele momento. Havia tanta coisa que eu gostaria de ter dito. E aí, você adormeceu. Adormeceu comigo do outro lado da tela, adormeceu pedindo pra eu não desligar. Adormeceu sem dar tchau. Só adormeceu.

Você não sabe, mas eu ainda fiquei na linha uns cinco minutos te ouvindo respirar; e antes de desligar eu disse, como se já soubesse o que estava por vir: Se cuida. Dorme bem e não desiste de mim, por favor.

A culpa não foi minha.
Nem sua.
A culpa foi do destino que me jogou nos teus braços, me fez conhecer você, re-conhecer, te querer, e me apaixonar... Mas esqueceu de fazer o mesmo com você.

Queria terminar pedindo pra você deixar eu cuidar de você. Viver com você. Curtir um pouco mais de você. Mas, acho melhor terminar com o bom e velho clichê, de quem tem muito pra dizer, mas só pode falar: Se cuida. 

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

INFINITA COMO ELA

Eu poderia começar falando que a vi ontem, e que por isso que eu senti saudade hoje. Mas eu estaria mentindo. Noventa por cento das vezes eu não preciso de nenhuma razão para sentir saudade. Ela simplesmente chega, do nada.
Ontem mesmo, eu estava assistindo televisão e ouvi uma piada engraçada, e a primeira coisa que quis fazer foi ligar para ela. Peguei meu telefone e fiquei olhando a tela, aquela foto dela com o papagaio no dedo ainda está como proteção de fundo. Eu não liguei. Mas senti uma saudade absurda.
A saudade é assim, ela não pede permissão. As vezes, chego em casa cansado do trabalho, tomo um banho e jogo a toalha molhada em cima da cama, eu quase consigo ouvir ela gritando comigo por causa disso. Nessa hora a saudade aperta. Dói. O vazio, a solidão, o silêncio. Não tem mais música tocando quando eu chego, ela não está mais rodopiando pela sala com um controle na mão enquanto canta suas músicas preferidas.
Ainda consigo sentir o perfume dela no meu travesseiro, outro dia achei um fio de cabelo na minha escova. Queria sentir raiva, mas tudo que eu consegui fazer foi sorrir e me olhar no espelho. Eu costumava abraçá-la por trás sempre que ela estava se penteando, o cabelo dela tem cheiro de fruta, eu adoro aquele cheiro.
A saudade é recorrente. Presente. As vezes, eu consigo respirar sem pensar no que ela pode estar fazendo agora, mas em algum momento, alguma hora do meu dia, nem que for por alguns segundos, ela reaparece. É assim. A saudade não dá trégua. Não me deixa dormir sem pensar nela. Não me deixa acordar sem imaginar o que ela deve estar fazendo. Não me deixa sorrir sem querer que ela estivesse aqui para sorrir comigo. Não me deixa amar , porque ninguém é boa o bastante. Nenhuma outra mulher tem aquelas ruguinhas engraçadas no nariz quando gargalha. Nenhuma outra mulher, além dela, sorri com os olhos. Se sorri, não percebi. Meus olhos só prestam atenção nela. Nenhuma outra mulher fala sobre coisas que não domina, ou me deixa concentrado nas histórias que conta. Noventa por cento das vezes, sinto preguiça de todas. Menos dela. Nenhuma outra mulher fica vermelha quando eu a elogio. Nenhuma outra mulher fica vermelha por tudo. Nenhuma outra mulher chora com finais de novela. Briga com personagens de filmes. Se emociona com animações. Nenhuma outra mulher parece tanto comigo. Nenhuma outra mulher mergulhou tão fundo no mar do meu coração; ou me enxergou tão bem que não precisei nem mostrar quem eu era. Nenhuma outra mulher faz cafuné com o nariz, só ela. Nenhuma outra mulher se irrita com teorias que só existem na cabeça dela; ou fala palavrão sem se sentir envergonhada. Nenhuma outra mulher, porque nenhuma é ela.
A saudade dela é infinita.
É infinita, como a forma que ela sorri sem ter medo de estar chamando muita atenção, ou expressa os sentimentos como se fossem tão essenciais que se tornassem vitais. É infinita, como a mania que ela tem de querer sempre ter razão, ou falar alto sem pedir atenção. É infinita, como o poder que ela tem de dominar e me fazer não querer tirar os olhos dela. É infinita, como os olhos dela, que me leem sem despistar ou fingir. É infinita, como a mania de contar piadas sem graça que só ela tem. É infinita, como o coração dela. Grandioso.
A saudade dela é infinita, como ela.