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quarta-feira, 28 de agosto de 2019

JUST BREATHE

Um dia alguém vai chegar. 
Não será um príncipe, não viverão um conto de fadas, mas quando esse alguém chegar você vai começar a entender o motivo de doer tanto agora. 
Coisas boas vem com o tempo. 
Um dia alguém vai chegar e vai saber te acolher, vai aceitar você com tudo que você tem para oferecer, vai entender que junto com o pacote não vem somente as coisas boas, as inúmeras coisas boas que você tem, qualidades de uma grandeza infinita, mas também vai aprender a amar seus defeitos.
Alguém que vai te ensinar sobre amar e ser amado, mas principalmente sobre como é importante amar a si mesmo no meio do percalço. Afinal, só quando aprendemos a nos amar é que compreendemos e entendemos o tipo de amor que merecemos. Esse alguém vai te reinventar, não esteticamente, mas psiquicamente e emocionalmente, porque entenderá que sua bagagem emocional é das grandes, carregada com anos de autodepreciação e mágoas. Vai te provar o quanto suas ideias de autocensura estão erradas. Alguém que vai te achar linda do jeito que você é.
Seja de cabelo bagunçado, de pijama, com o melhor vestido que você tiver; seja mostrando os quilinhos a mais que você conquistou com os anos, ou a falta deles. Alguém que vai saber como te tocar. De uma maneira que não importa o que o mundo inteiro pensa de você, ele te acha linda do jeito que você é.

Alguém que não sentirá vergonha ou receio de te mostrar para o mundo, alguém que irá ao cinema com você, mesmo que não goste, só porque você gosta. É disso que se trata o amor, da capacidade de abrir mão do “eu” egoísta, para o “nós” solidário. Não significa que esse alguém fará tudo que você quiser, mas que ele mostrará a importância que você tem, nos pequenos gestos do dia-a-dia. Relacionamento não se baseia somente naquilo que “você” quer, mas a abdicação faz parte do pacote. Alguém com coragem o suficiente para lutar por você, e se o amor se transformar em um campo de guerra, que ele esteja pronto para a batalha. Que ele use todas as armas para te convencer que a vida ao lado dele é muito melhor. Que essa bobagem de orgulho não leva a nada, e que pedir “desculpa” não é vergonha, é um ato de grandeza. Alguém que peça para você ficar quando você quiser ir embora. Porque, a maioria das vezes é disso que precisamos, de alguém que precise de nós. Alguém que até pode viver sem nós, mas que não quer.

Alguém que irá te conhecer tão bem à ponto de você não precisar se explicar, e só de te olhar ele saberá que não está bem. Alguém que não te fará uma enxurrada de perguntas do tipo “o que aconteceu?” , mas que terá a calma de te dar colo e dizer “eu estou aqui”. Porque tudo que ele vai precisar fazer é isso, estar lá. Alguém que tenha a sensibilidade de olhar nos teus olhos e pedir perdão pela dor causada. Que vai adorar conversar com você sobre qualquer assunto, mesmo quando você fala demais, porque te achara tão inteligente que ficará fascinado por cada palavra, explicação ou textão que sair de você. Você merece alguém assim! Alguém que te lembrará todos os dias o quanto você é inteligente, brilhante e forte e que dirá todos os dias o quanto você está linda.
Você precisa disso; precisa saber que mesmo com uma multidão de mulheres tão lindas quanto lá fora, os olhos de quem ama está focado somente em quem realmente interessa: você.

Alguém que não abrirá a boca para desmerecer aquilo que tem, porque se sentirá sortudo o suficiente por ter tudo em você. E não importa quantas outras mulheres gostosas, maravilhosas e brilhantes existam no mundo, ele desejará sorte aos amigos na empreitada de conhecer alguém que valha a pena, faça as mãos suar, que o peito dói só em pensar perder, que quando tira a roupa ele se sente em casa, pois tem tudo isso em você. Ele vai saber quanto você calça, vai te ajudar a escolher a roupa, vai até te ajudar a escolher a cor do cabelo, mas vai te lembrar no final que “não importa a roupa, a cor do cabelo ou o sapato, você é linda de qualquer jeito”.

Alguém que te fará sorrir como ninguém fez um dia, que conhecerá todas os teus sorrisos, e acolherá todos os teus medos por livre e espontânea vontade. Alguém que vai errar, errar muito, porque a essa altura do campeonato e durante toda a vida, você já entende que pessoas perfeitas só existem nos livros de contos de fadas, e tudo bem errar. Mas que te compensará com amor, e o amor ainda é o sentimento mais revolucionário que existe.

Um dia alguém vai chegar, e você vai parar de lamentar por todo esse tempo escondida na sua própria solidão, fingindo que viver sem amor é melhor que viver com decepções que são capazes de arruinar corações e pessoas, porque tudo que você conheceu de pessoas que disseram te amar foi isso, e só quando esse alguém aparecer é que você irá compreender, que a culpa não é do amor, mas das pessoas. Existem aquelas que erram tentando acertar, e infelizmente, aquelas que erram porque tudo que sabem fazer é machucar o próximo, externar o que tem dentro delas, culpar o outro pelos seus fracassos.
Corações partidos partem corações, se é que você me entende. Não quero que você se torne esse tipo de gente.

Quando esse alguém chegar espero que você esteja pronta, de braços e peito abertos, entregue. Espero que você tenha coragem de deixar que ele te ame, que você tenha coragem de amar também, e que ele acrescente em você, não porque você precisa mudar algo, mas porque tudo que vem para somar merece nossa atenção.

E não se preocupe, quando esse alguém chegar, você saberá que é ele. Você sentirá. Ouça seu coração! 

DESCONSTRUÇÃO

Sabe aquela sensação ruim de quando você se sente completamente esgotada? Aquela sensação horrível de que você está lutando uma batalha invencível e cada vez que você entra na luta uma parte de você é desconstruída e aniquilada? 
Aquele sentimento de impotência, de exaustão; aquele momento em que você finalmente entende que não consegue mais aguentar o peso do mundo, e tem vontade de deixar tudo desabar, tem vontade de largar tudo e esquecer tudo e fingir que nada nunca existiu?

Eu estou parada nesse momento agora.
O momento em que percebi, depois de tantas porradas, depois de tanto pedaço arrancado sem permissão, depois de tanta luta... que não aguento mais lutar. Não aguento. Não posso mais ser o paraquedas de todo mundo quando tudo que fazem é me deixar à mercê da queda quando preciso. Não posso mais ser o escudo inabalável de todo mundo, se quando preciso de um não tenho ninguém. Eu não posso mais suportar tudo isso.

Por vezes, pensei que seria convarde demais desistir sem tentar. Que tipo de pessoa eu seria, se ainda nem havia começado e já queria abandonar o barco? Mas hoje, com todos meus sentimentos em ruínas, eu percebo que até para desistir é preciso ter coragem. Abandonar tudo é um ato de coragem, principalmente quando você entende que não existe saída, ou uma segunda opção.

Tudo que sobrou de mim, tudo que sou de todas as pessoas que amei, eu tenho que me orgulhar. Afinal, sou eu. Pedaços fragmentados de decepções, de tentativas frustradas, de confianças quebradas, mas que me tornaram quem sou. E digam o que disser, acarretem todos os defeitos que acharem que mereço, não podem dizer que amei errado. Não podem dizer que não fiz tudo que pude em se tratando de amor, de amar pessoas, e de me doar excessivamente.

Acho que chegou o momento de fazer mais por mim do que pelos outros. De cuidar mais de mim. Eu mereço.
Eu mereço esse tempo. Mereço a paz de poder me sentir inteira novamente, mereço o prazer de poder sorrir de verdade, de não ter que estar sempre lutando para salvar algo ou alguém. Eu mereço ser o motivo de luta de alguém. Eu mereço me priorizar. Pensar mais em mim, sem me sentir culpada ou egoísta. Eu mereço o amor que eu sempre doei. Mereço me reconhecer e sonhar todos os sonhos que deixei de sonhar. Eu mereço a vida que eu desejo ter.

Não guardo rancor, mágoa ou raiva do que já passei. Eu lutei as batalhas que escolhi lutar, e tudo bem se eu não ganhei todas, tudo bem se em algumas eu mais perdi que ganhei, ou se tive que abrir mão de pedaços que julgava imprescindíveis para continuar de pé. Não importa. O que importa é que aqui estou eu, de pé.

Exausta, porém mais viva do que nunca! 

SOMOS INSTANTES

Eu ficava me perguntando como seria quando o amor acabasse, se eu saberia quando ele tivesse chegado ao fim, se algo dentro da gente gritaria socorro quando as coisas estivessem saindo fora de controle. 

Olhando para você agora, eu entendo que o amor não sabe se despedir. Acabamos de fazer amor, ainda tem seu cheiro no meu corpo, e as marcas do nosso prazer ainda estão por aqui, mas você se levantou vestiu a cueca e sentou na janela para fumar o último cigarro. A tatuagem do leão que desenha suas costas está me encarando como se dissesse: “Apegue-se aos detalhes”.

É nos pormenores que percebemos quando está na hora de ir. Se eu fechar os olhos agora eu consigo visualizar nitidamente a primeira vez que nos vimos. A Avenida Sanitária lotada depois do jogo do Atlético e Cruzeiro, eu te enxerguei mesmo em meio aquela multidão de gente. Você me enxergou igualmente. Naquele dia eu nem podia imaginar que um dia chegaria a conhecer o âmago do seu ser. O seu mais profundo pesar. O seu desejo mais íntimo. Naquela ocasião éramos só dois adolescentes curiosos e vidrados no outro.

E em meio a tudo isso, todos esses momentos que vivemos, todos os lugares que descobrimos juntos, todas as inseguranças que dividimos, nem imaginávamos que chegaríamos tão longe nessa coisa de amor.
Chegamos ao ponto de nos conhecer até no momento crucial da despedida. E convenhamos, amor, estamos prolongando isso há tempo demais.

Quem é que vai me abraçar quando meu mundo parecer desabar? Quem vai olhar na mesma direção que eu ou me acompanhar nos dias escuros que eu passar?
Despedir de você é como despedir de eu mesma. É como olhar no espelho e só enxergar metade do que sou. É como viver e não conseguir respirar.

Será que vou me acostumar a não ter mais você nas tardes de domingo? Será que vou me adaptar a não poder te ligar para contar sobre meus medos, incertezas e indecisões...
Sobre a faculdade que não vou mais cursar;
sobre a vontade de jogar tudo pro alto e viajar pelo mundo? E principalmente, quem irá comigo nessa viagem, senão você?

No pequeno espaço de tempo entre fazer amor com você e perceber que não estamos em sintonia, todos os nossos momentos se fazem mais reais do que antes.

Como vou caminhar pela cidade e não pensar em você? Como vou voltar aqueles lugares que só me fazem lembrar você? Como vou ser capaz de me entregar a alguém que não seja você? E nem gosto de pensar na ideia de você tremendo e sussurrando coisas com e para outra pessoa... Ou se entregando por completo para alguém que não seja eu. Despejando o peso do seu dia-a-dia, compartilhando os pequenos detalhes que só fazia comigo. Como vou me acostumar com a ideia de ser uma completa estranha para você algum dia?
Será que vamos passar um do lado do outro e agir como se nunca tivéssemos sido parte um do outro? Será que nos tornaremos aquele tipo de casal que finge que o outro nunca existiu?

Intimidade é quando você conhece alguém tão bem que não é preciso palavras para entender o que se passa com essa pessoa. Exatamente como agora.

Você sentado na janela, olhando o céu, o cigarro pela metade pendurado na boca, as mãos inquietas; eu sei que seu coração está gritando para não deixar que eu faça isso, mas sei exatamente que você prefere me deixar ir a não poder me dar tudo que mereço.

Por esse motivo eu visto minha roupa e caminho até você, abraço suas costas e deixo que sinta exatamente o que eu estou sentindo: como se meu mundo inteiro estivesse sendo desconstruído.

Queria poder dizer mais do que fazer. Queria gritar com você. Queria que fosse mentira, e que não passasse de um pesado, que eu acordasse com você entrelaçado comigo na cama, ouvindo as batidas do seu coração e os suspiros do seu sono pesado. Queria que você me pedisse para não partir, que insistisse que estávamos cometendo um erro desistindo de nós. Queria... Como eu queria!

“A vida vai seguir. Você vai ficar bem!”
Eu fico repetindo isso silenciosamente enquanto tento, sem sucesso, controlar as lágrimas.

Antes de fechar a porta eu digo, mais para mim do que para você: Se cuida!
Os dez minutos que fiquei parada lá esperando que dissesse algo pareceram uma eternidade, mas uma garota esperta tem que saber a hora de ir.

E eu fui.

O gosto que o amor deixa quando acaba.

Primeiro final de semana do ano.
Eu sei, não devia pensar em você. Mas é que agora, olhando todas essas pessoas, com copos de bebida nas mãos, sorrisos que não duram até amanhã, beijos que não esquentam a alma; é inevitável não implorar aos céus para que você me salve desse mundo de gente que acha que a vida se baseia em cerveja quente, esbarrões de um ombro só, conversas que não duram nem um segundo e olhares que não nos despem a alma, ou inevitável não desejar me esbarrar com você por aqui só para me fazer lembrar de coisas que eu quero tanto esquecer. Admirar seu sorriso, que só você não acha bonito, mas que a população feminina inteira perderia tempo olhando, ou até mesmo o jeito como você bagunça seu cabelo, que noventa por cento das vezes já está bagunçado o suficiente, mas você nem liga. Eu também não ligo. Daria qualquer coisa, para saber onde você está. Chegar como quem não quer nada, fingir que não estou aqui por sua causa, a sua procura, nesse ambiente que não combina nada comigo, falando com pessoas que nunca mais vou ver, me esquivando de outras que querem mais que falar, e nada de você. Nada da sua voz sussurrando coisas bonitas pra eu ouvir, ou seus dedos contornando minha boca.
Só esse tanto de gente que não se importa. Talvez, você também não se importe, sei lá. Eu não sei de mais nada que diz respeito à você. Engraçado, é que todo aquele tempo eu pensei que te conhecia, te apresentei tudo que podia de mim e pensei que sabia tudo de você, para minha decepção de você não sei nada.
Tem bebida demais no meu sangue agora, larguei meu copo em algum canto desse bar, junto dele larguei minha dignidade. Mandei uma última mensagem, pela centésima vez, parei de contar. Me convenci que seria a última - o que não é difícil.
Escrevi: “todos os copos de cerveja que “beijei” hoje me amargam a boca, pois você amargou minha alma e me deixou à mercê de procurar , mas não encontrar, alguém como você, que seja capaz de adoçar não só a boca , mas a alma inteira e o coração por completo. boa noite, desejo que pense em mim como penso em você.”
A pior bobagem disso tudo é que, no segundo seguinte após enviar essa mensagem eu a apaguei. Fingindo para eu mesma que nada aconteceu, mas rezando para que você me respondesse, me lembrando que aconteceu e evitando meu arrependimento caso você faça o de sempre: ignore meus sentimentos.
A dose de hoje é de esquecimento, o brinde é a você, que depois que se foi me bloqueou para qualquer outro amor, além do seu. Que eu te esqueça, nem que for só um pouquinho, para que possa me apaixonar novamente, por uma vida inteira. 

Sobre nosso jeito de amar...

Não tem um motivo importante, ou um porquê, nem nada disso que possa explicar o meu amor. Talvez, seja porque você fecha os olhos quando sorri, ou porque seus covinhas aparecem tanto que quase não tem espaço para bochecha. Talvez, seja porque você conta piadas incompletas, sempre erra ou porque você rir das próprias piadas sem graça que conta. Talvez, seja porque você me provoca o tempo todo, faz um barulho danado na minha vida, ou porque quando você sai o silêncio é perturbador. Eu gosto de você, talvez seja isso. Eu gosto do jeito como você me faz feliz, do jeito como você consegue me fazer sorrir com tanta naturalidade, do jeito como você se comove com as pequenas coisas. Talvez, seja porque você ama cachorros, ou porque você me ama. Talvez, seja o modo como você sorri quando acha que não estou vendo você me olhar ou talvez seja por tudo isso; por cada mínimo detalhe, por cada imperfeição, por cada vez que você vai embora jurando não voltar, mas volta no segundo seguinte, por sermos tão imperfeitos, tão errados e tudo isso não ter importância alguma quando fazemos amor.
Quem vai ligar para seu péssimo gosto musical quando você está sussurrando coisas que eu adoro no ouvido? Quem vai discutir por bobagem, quando você está beijando minha orelha e esfregando a barba por fazer no meu pescoço? Quem vai mandar você ir embora, quando você me senta no teu colo e me faz gritar palavras que eu desconheço significado?
É por isso que te amo, porque somos duas pessoas com gostos e personalidades opostas mas que lutam por amor. porque você ama do jeito mais lindo que alguém pode amar, perdoa do jeito mais doce que se pode perdoar, e mesmo quando as coisas ficam difíceis, você fica, de um jeito só seu, e me faz toda sua, toda noite, principalmente naquelas em que eu juro que não sou de ninguém além de mim.
Você me pega nos braços, tira meu fôlego, me faz gritar teu nome, e me lembra que além de minha eu sou sua, não por exigência, mas por opção.

quarta-feira, 7 de agosto de 2019

Exagerada

Eu sinto falta do seu otimismo; do sorriso travesso que você dava sempre que exagerava nas cobranças; do seu jeito imaturo de pedir desculpa, ou nunca pedir. Eu sinto falta das vinte vezes que você me ligava por dia só para dizer que estava com saudade, ou para me relembrar algo que havia me lembrado vinte minutos atrás. Sinto falta do seu exagero, porque é exagerada a falta que você me faz agora. Exagerada e inevitável.

Tudo em você é excessivo, demasiado e exorbitante. Tudo com você é desmesurado e abundante. O grito preso na garganta cobra um preço alto no fim das contas, as lágrimas derramadas e tantas vezes julgadas “ por bobagem “ é o detalhe na conta que não bate. Você é um copo que vive derramando, transbordando e quando não derrama é porque algo não está certo.

Faz tempo que não te vejo derramar por mim. Faz tempo que não acordo com sua mensagem de bom dia fazendo a tela do meu solitário celular acender, faz tempo que não não tenho notícias de você. Logo você, que fazia questão de me manter sempre bem informado sobre todas as suas decisões. Você só esqueceu de me avisar que a última vez que você sorriu sem jeito ao telefone, era a última vez. Ou que você suspirou quando eu disse algo que você gostava de ouvir, era o último suspiro, pelo menos para mim.

Você esqueceu de me avisar que estava cansada demais para continuar insistindo. Brincava muito de “um dia você vai sentir falta desse meu exagero” , mas esqueceu de me avisar quando esse dia finalmente chegou.

Bem que podia ter me dito: “Ei cara, é hoje o dia! O dia que eu vou sumir da sua vida. Essa é a última vez que você vai ouvir minha voz doce e mimada do outro da linha, e aquele beijo hoje cedo foi o último que você teve o prazer de sentir...” Talvez eu não tivesse acreditado mesmo, mas pelo menos, quando finalmente me desse conta do que havia acontecido e perdido, me sentiria aliviado por você ao menos ter dito adeus.

Exagerada você entrou na minha vida. Com aquela mini-saia e os coturnos que você pegou emprestado da sua melhor amiga mas nunca devolveu ( mais tarde me contou a história), e o sorriso grande nos lábios cor de rosa mais bonitos que eu já vi por aí. Exagerada foi como você sutilmente roubou minha atenção com aquele falatório insistente sobre como a política no Brasil não tinha conserto ou como o Flamengo venceu na última quarta-feira de maneira majestosa. Você me deixou completamente fascinado com sua mania de mudar de assunto como se fosse fácil de acompanhar seu raciocínio. Exagerada foi como você me deixou acreditar que estava nas minhas mãos quando eu não percebi que quem estava nas suas mãos era eu. E é exagerada a saudade que sinto de você agora, é exagerada a vontade que eu tenho de ouvir você sorrindo, ou falando de assuntos que eu, sinceramente, não fazia ideia mas mesmo assim achava interessante. Exagerado é esse amor que surgiu por você, e agora bate na mesma tecla o dia inteiro, e me faz agir como louco, ou até mesmo como você: exagerado.

Essa é minha versão de você, mas infelizmente você não está aqui para reclamar, para ver ou até mesmo para aprender a me amar desse jeito apaixonado e exagerado como me encontro agora.

Você foi embora e levou todo o exagero de amor que sentia por mim, deixou o lado esquerdo da minha cama e do meu peito vazio, deixou o silêncio do outro lado da linha de telefone e me deixou aqui, sem notícia e sem saída, completamente e exageradamente louco por você. 

quinta-feira, 25 de julho de 2019



Talvez sejamos incompatíveis mesmo. Fim. Cansei de ficar tentando encontrar razões para sermos o casal perfeito, cansei de agir como se não tivéssemos problemas. Nós temos. E muitos! 
Nós concordamos em discordar, temos aquela mania irritante de nunca admitir que a ideia do outro é boa, ou que o pensamento do outro faz sentido. Somos do contra. 
Na política, no futebol, no relacionamento com as pessoas, no jeito de ver a vida, em tudo. 
Mas é você quem me beija quando ainda não escovei os dentes, é você quem me abraça quando meu mundo desaba, é você quem se preocupa comigo quando nem eu estou preocupada. É você quem está do meu lado quando as coisas ficam difíceis e tudo parece estar errado. Eu olho para você e vejo que não importa todas as diferenças. As pequenas brigas por bobagem. As implicâncias, os sermões, nada disso importa se no fim do dia estamos juntos. 
Você me enxerga. E mesmo não concordando comigo, você me aceita. E vice-versa. Somos o oposto um do outro. Há quem diga até que somos diferentes até demais para vingar. 
Eu não ligo. Só ligo para você. Se você está aqui, está tudo bem. Se discordamos em tudo, mas cedemos pelo outro, está tudo bem. Se discutimos meia hora, mas nós amamos o resto do dia, tudo bem. Por mim tudo bem. 
Somos teimosos por natureza, e quanto mais eles apostam todas as fichas contra nós, mais apostamos tudo que temos em nós, por que sabemos que amor é mais que compatibilidades, teorias e perfeição. 
Amor é olhar pro outro e enxergar tudo que sonhamos dentro de alguém que talvez não seja do jeito que pedimos, mas que é exatamente como deveria ser.
Obrigada por sermos tudo que somos, e principalmente por sermos nós.


Sabe aquele vestido que você ama, mas que não te serve mais, e mesmo assim não quer se desfazer dele porque é apegada demais para aceitar que infelizmente o tempo dele com você acabou?
É assim que me sinto todas as vezes que estamos juntos. Eu te amo. Amo tudo em você. Desconfio até de quem não consegue te amar, porque com toda certeza não é boa gente; mas, confesso que vez ou outra eu me pergunto “ o por quê de ainda estarmos fazendo isso “. No fundo, nós dois sabemos que merecemos mais do que estamos oferecendo um ao outro.
Sentamos lado a lado no sofá mas não dividimos mais as pequenas coisas do dia-a-dia. Nem sei mais se seu sabor favorito de pizza é quatro queijos; outro dia te vi comendo uma de calabresa com a boca boa e pensei: “Será que perdi alguma coisa, ou é só fome mesmo?” “Calabresa é uma pizza sem graça” - você dizia.
E depois disso comecei a prestar atenção nas pequenas coisas que você faz, que há tempos eu não notava; como quando você está nervoso e aperta a pontinha do nariz, ou as incontáveis vezes que suspira dormindo. Será que sonha comigo? Será que ainda faço parte da sua vida, ou sou só alguém com quem você divide a cama?
Me dei conta que você também tem perdido muito de mim. É engraçado que a gente nem percebe que está perdendo algo até finalmente ter perdido. Foi assim comigo, e quem sabe aconteça com você quando chegar em casa do trabalho e ver que fiz as malas. Não estou levando nada de nós. Tudo que tínhamos estou deixando aqui.
Estou deixando todos os abraços que pela correria do dia você recusou. Estou deixando todos os beijos que tentei te dar mas você não correspondeu. Estou deixando todas as brigas em que eu, inutilmente, tentei te fazer enxergar que estávamos nos perdendo. Estou deixando as batalhas que lutei para manter de pé um amor que não me pertence mais. Estou deixando todas as lembranças de dias com sorrisos longos, que agora parecem tão distantes da frieza com que nós tratamos. Estou deixando todos os sonhos, os filhos que não tivemos, os “eu-te-amo’s” que deixamos de falar. Estou deixando meu amor, latente, incubado, velado e guardado em algum cômodo desse lugar, ou quem sabe em todos... Afinal, tudo aqui tem muito de nós. Tem muito do que fomos.
E estou deixando aquele vestido que eu amo. Aquele que você achava lindo, mas que nas últimas vezes nem notou que eu usava; aquele que você tirou delicadamente de mim, tantas e tantas vezes. 
Um vestido que não me cai bem mais, assim como você, assim como nosso amor.

domingo, 30 de junho de 2019

Nem que ela tentasse muito, muito mesmo, ela conseguiria ser uma pessoa ruim. O coração dela é muito grande, mas nele não há espaço ou lugar para sentimentos ruins e pessoas vazias. Ela é boa. Está na essência dela, cara. 
Ela chora com finais de filme, se emociona com pequenas cenas do cotidiano, se esforça sempre para dar o melhor de si para todos aqueles que se esbarram com ela por aí. Só em pensar que foi maldosa, injusta ou negligente com alguém, ela fica doente.
Eu até diria que ela não existe, se ela não estivesse na minha cozinha agora tentando fazer uma comida que nós dois sabemos que ela não sabe fazer.
Ela vive tentando encontrar um dom em si mesma, mal sabe que o maior dom que tem é a bondade enraizada dentro de si.
Sabe aquele tipo de gente que cura seu mal humor? Que consegue te fazer rir mesmo quando você não tem motivo para isso? Que nunca te deixa entediado, porque sempre tem algo novo ou polêmico para discutir? Aquele tipo de gente que faz bem pra alma, sabe? Ela é assim.
Quando ela chega parece que a natureza e tudo ao redor conspira a seu favor, a favor de quem está com ela, a favor de quem quer o bem junto dela.
Eu sou uma prova disso.
Nem sei se mereço tanto, mas quando ela abre aquele sorriso que curva os olhos eu me sinto o cara mais sortudo desse mundo. Quando ela me abraça sem pedir nada em troca, eu me sinto privilegiado.
Ela não faz questão de ser tudo, nem de ter tudo, mas ela é. Isso é fascinante.



Todos os muros que eu ergui dentro do meu coração, você derrubou. Todas as lacunas que antigos amores deixaram, você preencheu. Todos os motivos que eu inventei para não amar novamente, você dissuadiu. Todos os meus medos foram acolhidos por você e eu pensava que todos o meus sonhos eram valiosos para você. 
Você desconstruiu toda a minha imagem de durona, de pessoa forte e autossuficiente. Você me deixou dependente do seu amor.
E agora, não importa o quanto as pessoas me digam que eu consigo sozinha, ou quantas vezes eu repita isso a mim mesma, simplesmente não consigo. Todo lugar que olho você está, toda lembrança boa contém um traço seu. Quando fecho os olhos ainda ouço sua voz, e quase posso jurar que você está aqui; e quando tento colocar alguém no teu lugar, todos eles me fazem lembrar que não são você.
Eu implorava por alguém que me fizesse sentir algo outra vez, qualquer coisa, mas aí você apareceu e não só me fez sentir tudo como levou tudo de mim quando decidiu ir embora. Agora eu não sei aceitar outro amor, nem sei se quero outro amor que não seja o seu. Suas mãos no meu cabelo, o toque de seus lábios na minha clavícula, o arrepio que você causava na minha pele. Tudo de você.
Você me envenenou com seu amor. 
Me deixou doente, morrendo aos pouquinhos, por dentro. Me deteriorando com as mentiras que me fez acreditar. Me corroendo com as falsas promessas. Gangrenando meu coração com a indiferença, me estragando para todos os outros que quiserem me amar de verdade um dia.
Você foi meu maior erro. Foi meu fim. Minha decadência... E mesmo depois de tudo, aqui estou eu, implorando um pouco mais do seu veneno.
Quem sabe agora ou me mata ou me cura de vez.

quinta-feira, 25 de abril de 2019



Hoje a saudade veio falar comigo sobre você. Não é sempre que ela vem, mas quando acontece parece que meu corpo inteiro leva uma surra, fica difícil até respirar, mas com o tempo eu fui aprendendo a lidar não só com ela, mas também com a dor e a falta.
Falta do seu perfume no meu travesseiro, ou dos cabelos que você deixava espalhadas no meu boxe todas as vezes que se banhava na minha casa. Falta da sua risada escandalosa vinda da sala, quando você estava no telefone com uma amiga, ou quando achava algo tão engraçado que não conseguia se conter. Confesso, nunca me recuperei da falta de sua risada. Ela preenchia o ambiente, alegrava minha vida, me fazia sorrir também.
Falta da voz de bebê que você fazia com o meu cachorro, e que você deixou mal acostumado com pão depois do jantar. Na verdade, deixou mal acostumado com tudo, até hoje ele dorme dentro de casa porque você dizia que ele se sentia sozinho no quintal. Falta da sua implicância quando eu trocava filme de comédia romântica pelo futebol de quarta, e da sua mania de querer sempre ter razão, mesmo quando não tem.
Falta do seu macarrão, que era a única comida que você sabia fazer, mas que era realmente maravilhoso. Falta de ver você só de calcinha na minha cama, e isso me faz pensar que talvez eu não tenha sido grato o suficiente, ou bom o bastante, ou inteligente, ou engraçado, ou até mesmo romântico.
Falta do seu jeito de me atiçar, de me tentar, e de me provocar. Falta de me esquentar em você, por dentro e por fora.
Sinto falta de você. Todinha; de cada mínimo detalhe seu; daquela sua pinta no meio das costas que eu adorava acariciar; das suas manias, que eu já sabia de cor; do seu jeito desajeitado de ser; eu sinto falta até de brigar com você, de te ver enciumada ou chateada, de saber que você se importava. Eu sinto falta de pode olhar para você, ouvir sua respiração enquanto dormia, admirar o contorno da sua boca, a textura dos teus cílios, a maciez dos teus cabelos.
Puta merda! Que falta eu sinto do teu cabelo; de puxar, de cheirar, de beijar, de sentir, de fazer cafuné, de pentear...
Sinto falta de cuidar de você e de ser cuidado por você. Sinto falta. Sinto muita falta.
A saudade é como gripe. Vira e mexe ela aparece, nos primeiros dois dias te derruba, a cabeça dói, o corpo dói e parece que só dormindo que passa; depois ela ameniza, mas ainda tem aquele incomodo da coriza, dos olhos lacrimejando, da tosse, dos espirros, do congestionamento nasal. Em determinado momento você sara, parece que passou, e acha que nunca mais vai ficar gripado, mas é só questão de tempo ou de uma virada no tempo, vai saber?!
Do lado de cá, eu vou levando a vida. Não tem sido fácil. Quem disse que seria? Eu ainda penso tanto em você, até mesmo quando não quero, ou nas situações mais banais. Você não sai de mim, e eu até queria que saísse, pra ver se consigo ver o mundo de outra cor que não seja a sua ou essa que vejo agora. Uma nova cor, um
novo ar, uma nova chance.
Mas ainda me pergunto como está você, ainda me pergunto se ainda se gripa no inverno, se ainda usa meias quando o tempo esfria, se ainda dorme de coberta mesmo no calor ou com ventilador ligado mesmo no frio. Eu ainda me pergunto se você tem preguiça de lavar o cabelo, e usa sempre aquele pijama velho dentro de casa. Será que você ainda é a mesma pessoa? Será que você ainda sorri quando está no telefone? Será que sua risada ainda chama atenção? Será mesmo que você existiu, ou será que foi tudo fruto da minha imaginação?
Você bem que podia aparecer as vezes, só pra me provar que é real, e a gente rir daquelas mesmas piadas, conta aqueles mesmos casos, ama daquela mesma maneira, e esquece tudo que passou.
Seria um sonho né? Seria mesmo um sonho!

segunda-feira, 15 de abril de 2019

10 DIAS SEM JOÃO - Texto VIII

DÉCIMO DIA

A vida se resume em ciclos, não só esses clichês que todos nós gostamos de fingir que conhecemos, nascer; crescer; dar frutos; envelhecer e morrer. Ou até aquelas frases para dias ruins que do pó viemos e do pó voltaremos, creio que quem faz seu ciclo é você mesmo, você é dono de si próprio e de suas escolhas assim como eu fiz as minhas, do meu ciclo predestinado fiz dele roda, e cirandei feito Maria. Décimo e ultimo dia sem João.

Bem cedo acordei, já corri atrás de fazer meu currículo, pedi minha mãe carecidamente para olhar Hope no momento de minha entrevista.
Cheguei pontualmente as 10:00 da manhã, toda engomada esperei até que chamassem meu nome: - Isabel Candelária Santos Bárbaro, Sua vez!
Como eu odiava ainda carregar o sobrenome do João, mesmo com os papeis do divórcio já assinados, ainda não tive tempo de resolver essa questão.
O Sr. Gomes me entrevistou, dono da editora, muito simpático gostou muito de mim, fui muito sincera com a minha história de vida, e meu atual momento caótico. Ele me compreendeu e mesmo não havendo nenhuma experiência sequer, me deu um voto de confiança e me contratou.
Sai da editora aos prantos, dessa vez eu estava chorando de felicidade, pela primeira vez eu havia feito algo por mim, e por mais que simples, realizou-se mais um sonho meu. Por um momento passei em uma praça, me lembrei de tudo que vivi nesses dias, por mais que inacreditável pude viver um século em dez dias, com esses pensamentos, resolvi encerrar meu ciclo e voltar a prisão, onde João estava.
Eu me sentia uma nova mulher, tão confiável. Consegui olhar nos olhos do João e falar algumas palavras, que para ele poderia ser mais um momento, mas para mim era o meu momento aquele de desengasgar a minha alma. Recitei meu discurso, logo após ele dizer: "Sinto saudades Bel".
Indaguei: "Saudades do que mesmo, de mim? Em que em mim? Creio que você não sente falta da minha pessoa, mais sim de algumas atitudes que por sorte a sua eu irei ressaltar. Arrisco-me a dizer que você sente bastante falta de me proibir de viver, literalmente de viver! Ter um emprego, fazer uma faculdade, algo tão simples como ter um cachorro. Você deve sentir bastante falta de me tratar feito lixo, de sempre se vitimizar e me fazer de opressora com coisas tão pequenas que nem sequer são dignas de ser pronunciadas aqui. Você de verdade deve lastimar a forma como tudo acabou, onde você foi parar. Também o simples fato de sua mãe nem mesmo se importar em procurar saber se para você ocorreria fiança, se é que se poderia fazer algo, isso realmente é muito triste para você. Gostaria que pudesse ter a chance de conviver junto com outros, mas graças ao seu curso superior você saiu ileso disto. Outra coisa que eu gostaria muito que você vesse, a minha casa, a minha vida, Hope o meu cachorro, gostaria que conhecesse Srº Gomes o meu patrão, e também meus amigos da faculdade, gostaria de tantas coisas além dessas; Que você acompanhasse tudo isso que eu vivo, ficasse olhando minhas redes sociais antes de dormir pois agora eu as tenho usado.
João eu te agradeço, por tudo o que você me fez passar, o que mais me conforta é saber que eu segui o meu caminho, e como ele é lindo e você não poderá ver nada, e nem mesmo fazer mais nada, muito menos almejar me estapear.
Eu não pertenço a você. Aqui jaz Isabel de João, aqui nasce Isabel de si.
Fui embora da delegacia sem mesmo saber o que eu acabara de fazer, finalmente eu renasci! Em dez dias eu encerrei um ciclo de uma vida frustrada vivenciada dentro de um relacionamento abusivo em que eu mal tinha minha voz. Hoje eu me pertenço, hoje eu me conheço, hoje eu estou completa!



DEZ DIAS SEM JOÃO, UMA VIDA INTEIRA COMIGO MESMA.



Olá, meu nome é Isabel Candelária Santos, tenho 35 anos, sou casada e tenho dois filhos, engraçado que dessa vez não tenho o sobrenome do meu esposo, pois só o meu basta para a minha historia.
Aos 24 anos de idade vivi o maior conflito de minha vida, um término cruel de um relacionamento abusivo, em que me mantive por seis anos, fui agredida fisicamente e psicologicamente de diversas formas e não tinha conhecimento do que eu tanto passava dentro de minha própria casa.

Graças ao meu bom Deus que me iluminou, durante o período de dez dias consegui alcançar êxito em tamanha circunstância, pude sofrer e sentir a minha dor de uma tamanha forma que até hoje ainda não consegui compreender o tamanho da minha força. Separada, pude viver meus dias com a companhia dos meus pais e do meu animal de estimação. Trabalhando em uma editora, logo me destaquei e consegui uma promoção, de secretaria consegui chegar ao cargo de gerencia.
Terminei minha faculdade, e logo me casei com um médico que conheci durante meus estágios no hospital, ele me incentivou junto com o Srº Gomes a escrever um livro. Com apenas um mês de lançamento, lideramos com o clímax de vendas no mercado virtual. Com isso, recebi propostas para palestras e encontros com mulheres para falar de tudo que já tive oportunidade de viver.
Engravidei de gêmeos, que hoje são parte do meu ser. E com apenas três anos de casada junto ao meu marido realizei alguns dos meus sonhos, como conhecer países estrangeiros. Com isso hoje sou poliglota fluente, estou indo para minha segunda faculdade, sou mãe e esposa, filha presente e uma ótima dona de casa. Não tenho notícias do João, não sei por onde anda ou o que ele faz, mas sei que ele não pertence mais a minha estação.
Eu me resolvi! Com apenas uma escolha, pude refazer a minha vida.

Eu creio, que por mais que seja grande seu problema e por mais que você não ache forças para lutar e acreditar no seu potencial acredite! Seu maior fã é você!
Você é incrível e dono de suas escolhas, se hoje ninguém acredita em você, acredite em si! Sua vida é escrita por suas escolhas, seu presente mostrará o que aguarda seu futuro. Dez dias podem parecer uma eternidade, mas você consegue! Que seu pontapé seja este, Você!

Atenciosamente Isabel.


POR: SARAH G. SANTOS

10 DIAS SEM JOÃO - Texto VII


OITAVO DIA 

Fui a faculdade, me deliciei em conhecer pessoas novas, todos muito atenciosos comigo, pegaram meu WhatsApp e até me colocaram em um grupo, eu estranhei pois ninguém nunca se interessou tanto. Uma colega de faculdade me deixou na delegacia onde eu iria ser ouvida, para fecharem o caso do João.


Não precisava de tribunal, o crime foi confessado pela vítima e com testemunhas, meu pai também depôs para me ajudar, consegui que o João fosse preso, e com isso meu advogado levara o papel do divórcio que formulou, João hesitou em assinar, chorando me pediu perdão. Respondi: “Eu já te perdoei Jota! Não tem porque ficar

se humilhando assim, assine logo os papéis que eu não tenho todo tempo do mundo”.
Ele acenou com a cabeça e depois assinou.

Em um dia, eu progredi tanto que não estava acreditando, meu advogado fez milagres em dois dias! Sempre assisti filmes na adolescência, que se tratando de divórcio demorava anos para sair pelo menos os papéis. 
Eu já era separada, a casa era toda minha, mesmo não tendo minha cara, mas só esse fato para mim bastava.

Cheguei em casa anoitecendo, olhei meu WhatsApp e tinha varias mensagens do pessoal me chamando para sair, eu respondi que não teria como ir, eles rapidamente responderam:
“Bel, 10 minutos estamos na porta! Se apronta”.
Já desliguei o celular indo tomar banho, foi a primeira vez que vesti uma roupa para mim, um sapato que eu sempre gostei, me maquiei para me sentir bonita somente para mim, eu estava maravilhosa não para o João, mas somente pro meu bem estar. Eu estava inteira, de mim mesma.

Eu festejei com os meus colegas da faculdade, senti uma sintonia muito grande com eles, que não me perguntavam nada, assim não me lembravam de sofrer. Aprendi dançar forró com a Katia que é professora, me fez exalar alegria!
Que noite incrível, eu estava feliz, descobrindo que eu sou uma mulher e tanto! Gloriei-me com meu divórcio, estava vivendo e aprendendo comigo, me conhecendo e me amando.



NONO DIA


Mesma rotina da semana, ir a faculdade, chegar e aproveitar minha companhia. Só que desta vez foi diferente, passei pela porta lateral da faculdade e vi uma plaquinha na porta de uma editora, { Preciso de secretaria, início imediato} eu logo corri e perguntei informações sobre o emprego, para mim seria ótimo, perto da minha casa, da faculdade, da minha vida atual. 
O moço que me atendeu, me fez algumas perguntas e pelo meu entusiasmo mandou que eu voltasse no outro dia para uma entrevista.
Fui para casa e me deparei com um cachorrinho atropelado, exatamente na porta da minha casa. 
Eu não podia deixá-lo ali, meu coração doeu em vê-lo daquela forma tão sozinho e debilitado. Liguei para a minha mãe e fomos ao veterinário. Que por vez muito atencioso, cheguei no local como se o animal fosse meu, e realmente carreguei suas dores como se fossem as minhas. 
Realizou-se todos os procedimentos e todas as vacinas, ele precisava de cuidados e eu também, mas eu acreditava que aquele cãozinho me ajudaria mais com sua companhia do que eu o ajudando nos ferimentos. Saindo do veterinário, passamos em um pet shop, comprei tudo para recebê-lo em minha casa, sem perceber estava realizando outro sonho, sempre quis um cachorrinho, João nunca deixou, ele odiava animais.
Fomos para casa e estava tudo em paz, tomei um banho, fiz uma refeição e percebi que faltava algo.
Um nome para o meu novo amigo. Pensei é já o chamei de Hope.
Esperança pra mim, esperança para ele. Esperança para todos nós.


10 DIAS SEM JOÃO - Texto VI


SEXTO DIA

Café em cima da mesa, torrada com patê e um lindo girassol virado para mim, foi assim minha recepção de bom dia, me alegrou ao modo de gritar de alegria! Procurei minha mãe pela casa inteira que por ser muito grande, causava eco, com meus gritos que se espalhavam por todos os cômodos. Incomodou-me não achá-la, mas logo vi um bilhetinho sobre o girassol: “Seu pai precisa de mim também minha pequena, logo quando puder volto para ver como você esta, Beijos mamãe"..
Li o bilhete enquanto tomava meu café, que me fez lembrar dos pensamentos dos dias passados, eu sou a minha prioridade e tenho sonhos!! Correrei atrás deles o quanto antes!

Pesquisei no Google como eu poderia entrar em uma faculdade, abri um site que orientava ao leitor a fazer um teste de aptidão para saber em que área teria maior facilidade de adaptação.
Logo fiz o teste online mesmo, e meu resultado foi enfermagem, deduzi que eu amo ajudar as pessoas.
Concordei com o resultado, estava animada!! Liguei para minha mãe e perguntei se ela poderia me ajudar com as mensalidades até eu conseguir um emprego. Ela muito feliz concordou e disse que iria comigo conhecer a faculdade.

Fui muito bem recebida, a recepcionista que por acaso do destino foi minha colega no ensino médio, fiquei feliz por vê-la e pudemos conversar mesmo que pouco, ela não me fez muitas perguntas, creio eu que por medo de voltá-las contra ela. Orientou-me e eu segui, fiz minha matrícula. Voltei para casa realizada por começar realizar meus sonhos.

Quando deitei a cabeça em meu travesseiro pensei no João, não consegui controlar meus pensamentos, somente queria saber o que ele poderia pensar ao saber do meu progresso.
Por incrível que pareça eu não tinha nenhuma rede social, ainda era a moda antiga somente ligações. Providenciei isso tudo bem rápido, e o meu primeiro ato foi pesquisar o perfil do João, em todas as redes sociais, e o que mais me decepcionou foi lembrar que o João nunca me deixou ter redes sociais, postar fotos ou ser uma pessoa normal. Mas ele tivera tudo no meio virtual ativo, fotos dele em todos os lugares, com muitas pessoas, mas em seis anos havia uma foto comigo, que a minha mãe publicou e o marcou.

Acabou comigo ver isso, o meu turbilhão de sentimentos voltou, chorei e chorei até que minha dor não estava cabendo em mim, procurei um medicamento para dormir, tomei dois e adormeci rapidamente encerrando meu fracasso. Avançando um passo, voltando dois.



SÉTIMO DIA  


Só crescemos quando descobrimos que nós somos a nossa casa, que o habitual é classificado como significativo, que a herança que seus pais te deixaram foi o amor dentro do seu peito, e a prioridade da sua vida é você.
Acordei tarde, eu não queria sair da cama, estava pensando em tudo que anda acontecendo, só me levantei pois recebi uma ligação, era o advogado do João, querendo ele pedir o divórcio para mim, pela primeira vez eu respondi não com piedade de mim mesma, mas com uma voz rude: Me ligue mais tarde, estou indo para faculdade agora e por incrível que para {seu advogado} estou atrasada, passar bem!
Dentro do meu coração eu sabia que era a voz do Pedro, amigo do João. Mas quis levar à frente a marmota dele em tentar me magoar.
Era meu primeiro dia na faculdade, e eu acordei tarde, mais uma vez fracassei. Mas dessa vez eu não iria ficar prostrada, eu iria me erguer. Fiz um almoço bem rápido e procurei um advogado, que bom moço era aquele, me orientara para que eu denunciasse o João por tudo que ele me fez nesses seis anos.

Percebi minha mudança quando aceitei logo quando ouvi, ele se dispôs em me acompanhar e que até poderia me ajudar com toda a burocracia. Precisava de uma testemunha, minha mãe se prontificou na mesma hora que contei para ela.
Fomos todos para delegacia, foi muito difícil para mim contar tudo que havia vivido para o delegado acompanhado por um psicólogo e um escrita.
Falar sobre isso é como reviver tudo de mais cruel que já vivi. Logo depois do meu testemunho, João chegara com uma cara de sono, aquela carinha por qual eu me apaixonei. Ele veio cumprimentou meus pais e me disse: " Radiante como sempre Isabel "
Eu senti repugnância na mesma hora, respondi para ele em tom ignorante: “ Queria dizer o mesmo de você, pena que a vida já te dera o troco, triste fim João”.

Olhando-me com cara de surpresa João saiu, e com isso foi como se estivesse tirando um peso das minhas costas. Eu não senti meu coração disparar, nem muito menos tristeza, estava calma e assim fui liberada.

Mesmo com o meu regresso da noite anterior, eu estava me sentindo diferente, voltei para casa, cozinhei um brigadeiro e descansei na Netflix. Sempre quis fazer isso, mas nunca pude! Foi incrível dormir no meu sofá e acordar cedinho com dor nas costas.
Sentindo-me renovada, pude ver que a vida é realmente um dia após o outro.

10 DIAS SEM JOÃO - Texto V



QUARTO DIA  

Não consegui dormir, nem mesmo comer, a noite foi tão longa que para mim durou uma eternidade, tudo que eu mais queria agora, era parar de me odiar por desejá-lo aqui comigo. Talvez ele tenha tomado algo, que mesmo o enlouqueceu, como sou boba em pensar isso. Devo aceitar que ele me esqueceu, ou talvez pensar que eu estava muito acabada para ele me reconhecer, que baixo da minha parte imaginar isso. Está tão recente o nosso termino apenas quatro dias, eu estou contando cada segundo longe dele, me martirizando com pensamentos de comparação, se era melhor com ele aqui, sendo pisoteada literalmente, ou sem ele aqui? Com meu alto flagelo, prefiro a dúvida.

Quem sabe ele me atenda se eu ligar, somente para perguntar se ele se arrependeu se está chateado, ou se está se alimentando direito.
Pensei comigo mesma mais de mil vezes, em concordância e negação, acabei ligando.. Chamou duas vezes e foi para a caixa postal, eu não desisti, liguei novamente e uma moça com uma linda voz atendeu e me disse:" Oi, só um momento.. Amor, telefone pra você "... Eu não esperei João atender para reconhecer a minha voz e concretizar minha humilhação. Apenas desliguei. E com essa chamada a minha renúncia ao sofrimento, ao desânimo e ao meu amor.

Comecei a refletir e juntar todos os fatos que acontecera comigo, e como eu fui forte em manter tanto tempo um casamento que eu estava enganada em pensar que era bom pra mim. Apenas me serviu de ensinamento de que a maior prioridade em minha vida sou eu. Já não quero saber do João me maltratando, estapeando e escravizando, estou ciente que a resposta das minhas perguntas é que eu estou melhor sem ele, ele me faz mal. Reconheço que quem realmente quer seu bem, não lhe faz mal. João é tóxico para mim, quando estou em sua presença me transformo em um robô, programado para fazer suas vontades.
Isso acaba hoje, eu não me mato mais, posso sofrer mas sofrerei sabendo que irei me erguer e ainda tenho esperança que conseguirei realizar todos os meus sonhos!



QUINTO DIA

Acordei reflexiva, comecei pensar em tudo que me aconteceu durante esses seis anos, e mesmo que pareça errado continuo me comparando com o João, tenho muito que correr atrás desse tempo perdido.
Comecei colocando minha casa em ordem, Fui ao mercado, reabasteci a dispensa, voltei e faxinei a casa toda, logo vi que estava começando ficar para baixo, chamei minha mãe para irmos ao salão, ela se tornou minha melhor amiga, aliviando um pouco a minha solidão. Ela não hesitou em me acompanhar, passamos o dia curtindo um dia de princesa, que por sorte eu paguei tudo com o cartão do João, ele não mudou as contas nem nada disso. Aproveitei e realizei um sonho que para mim pequeno, mas como sonhos não tem tamanho, passei praticamente o dia inteiro cuidando de mim, isso alavancou minha auto-estima.

Mamãe passou em sua casa para ver como papai estava, disse a ele que iria dormir comigo, ele sempre amoroso, encorajou ela a ir e cuidar de mim.
Ficamos conversando até eu adormecer no colo dela, pude sentir aquele sentimento de cuidado que eu não sentia a anos, o gostinho de ser filha única e ter uma mãe presente.
Sempre fui muito amada por meus pais, eles se comprometeram em me darem uma boa educação e me permitiram viver todas as fases, disso eu não tenho o que reclamar, fui ensinada a dar o melhor de mim em todos os tipos de situações, por mais que isso era bom, por circunstâncias da vida me machucou muito também, apesar disso sou grata a todos os momentos.



10 DIAS SEM JOÃO - Texto IV


SEGUNDO DIA   

Acordei hoje por volta das sete, fiz um café preto, e me sentei na varanda, olhei para meu alecrim e chorei. Eu só sabia chorar e pensar como eu fui boba em acreditar no amor, João foi embora e levou o pouco de luz que restara no meu peito, eu não sei o que vou comer, ou que roupa vou vestir, eu não sei se vou limpar a minha casa ou ir à padaria pela tarde. Eu só sei que sou vazia, sozinha amarga. Hoje faz dois dias que ele se foi, eu não tenho ânimo para viver, tudo nessa casa me faz lembrá-lo, o meu alecrim eu plantei pelos simples fato que ele gostava de um ramo no arroz, o sofá é perto da janela, pois de outro modo o incomodava, o conjunto de vasilhas é azul pois comprei em homenagem ao time dele.
Eu me moldei totalmente para caber no mundo dele e ele apenas destruiu o meu, me despedaçou em tantos pedaços que virei pó. Eu melancolicamente amargurada, João se foi e eu fui junto com ele. Nada me faz pensar na maldade ele me fez, no tanto que sofri no meu casamento, só queria ele aqui, o toque daquelas mãos ásperas, e o calor da sua respiração nos meus ombros, queria que ele sentisse minha falta, tanto quanto sinto a dele, queria tantas coisas do João e queria somente uma minha, queria que ele me trouxesse de volta.
Segundo dia sem João.


TERCEIRO DIA 

Ludibriada por álcool estou aqui no chão, contando quantas vezes deixei de fazer o que eu queria para fazer o que o João mandava.

Tenho uma coleção de uísque, ou melhor tinha, bebi tanto que mal me sobrou um copo. Agora embriagada posso até dizer que me sinto um pouco melhor. “Como você é estúpida Isabel, ele está vivendo e você está morrendo, acabando-se pouco a pouco o resto que ele deixou de você”. [...] falara uma voz de fundo bem longe.

Por um minuto pensei estar louca, mas, voltei ao normal quando abri meus olhos e minha mãe estava me olhando
Tomei um banho e enquanto a água descia sobre meu corpo, por um segundo desejei sair daquela situação, pensei comigo mesma, bêbada e humilhada, preciso me recompor, já faz dias que não vou ao mercado, minha geladeira está vazia, mal me alimento direito.
Depois do banho decidi ir ao mercado, quando
logo estava no caixa avistei João; pisquei duas vezes para ver se não era o álcool que estava em meu corpo, estatelei meu olhos e era ele mesmo, o meu Jota!
Ele friamente passou pela porta olhou para mim e veio em minha direção, meu coração acelerado, já estava pensando em que iria falar. Ele veio bem perto de mim, me olhou nos olhos e me disse: “Você já terminou com seu carrinho moça?” Eu tão perdida do modo que estava, apenas acenei com a cabeça insinuando que sim.

Voltei para casa arrasada, João já havia superado nosso casamento com três dias, eu sofrendo tanto por ele, e o próprio me tratou como se nunca tivéssemos nos conhecido. Como sou boba em amar demais, como sou ingênua.
Finalizei meu dia chorando, e chorando muito. Pensando o que eu tanto havia feito para merecer tamanha crueldade no amor.

10 DIAS SEM JOÃO - Texto III



PRIMEIRO DIA   

28 de Fevereiro as 17:30 da tarde João foi embora, se é que se pode dizer assim, ele foi expulso de casa, eu já não aguentara mais tanto sofrimento, não tenho rumo para viver, estou extremamente arrasada, não pensei que seria tão decepcionante esse momento, minha mãe está aqui do meu lado, mal sabe ela como eu me sinto, de um turbilhão de sentimentos o que mais me conforta é saber que consegui contar a ela e pelo fato disso conseguir mandá-lo partir para o seu caminho.
Por vez penso que foi um erro não prestar queixa contra ele, mas é que eu o amo tanto para vê-lo atrás das grades, fico ligeiramente receosa em pensar dele fazer o mesmo que fez comigo com outra mulher. Mas o amor que eu sinto, logo fala mais alto e novamente me surda, me deixando assim sem chão, não quero olhar no espelho, nem muito menos me arrumar, não passa pela minha cabeça o dia que conseguirei sair de casa e voltar a ser a doce e amável Isabel, aquela do ensino médio que era cheia de sonhos, queria logo se formar para arrumar um emprego, fazer sua faculdade e seguir seu sonho de princesa, casar e ter sua família, Tão doce menina, cheia de sonhos, cheia de curiosidades, com um coração tão encantado com os contos das princesas, vivia a se alto declarar uma! Mal sabia que a princesa seria aprisionada, maltratada, pisoteada de todas as formas possíveis e a única que poderia tirá-la do calabouço do castelo seria ela mesma.
Hoje começa o meu primeiro dia sem João.


10 DIAS SEM JOÃO - Texto II




Dia 18 de fevereiro às 5 da manhã, João chegou totalmente bêbado, eu imóvel deitada em minha cama nem mesmo levantei de curiosidade para ver o que ele tanto mexia na cozinha, pensei comigo mesma, ele não deve estar satisfeito com um só tabefe e os maus tratos, agora suponho que queira terminar o serviço executando a minha vida. Dramaticamente continuei meu plágio de sono, enquanto ele tropeçava por todo o caminho, eu como uma boa ouvinte manteve-me quieta. Ele me chamava com uma voz doce, que mesmo que misturada com bebida me trouxe comoção e eu não hesitei, logo respondi com uma resposta calma e triste, “Sim, Jota. Estou aqui ". Ele engasgando as palavras me perguntara se eu preferia suco de limão ou de laranja, com o meu silencio, decidiu por si e levou ao meu quarto um café da manhã, irônico que sem café, mas eu nem mesmo pensei, foi tão inesperado! Durante os anos do nosso casamento ele sequer fez algo tão romântico para mim. Depois de comermos juntos, João não estava aguentando nem mesmo olhar para mim, dormiu nos pés da cama e eu, tão empolgada perdoei o tapa da noite passada e mantivera a esperança no meu coração de que isso jamais iria acontecer novamente e que esse ato veio para que através dele meu casamento pudesse ser revigorado.


(...)


Tenho vivido dias muito cansativos, estou me sentindo imunda em todos os sentidos, João já encara como comum me bater frequentemente, eu já não sei mais o que eu vou fazer, dentro de mim existe um poço tão fundo de solidão, que eu não sei como tampá-lo.
Gostaria de contar a uma amiga, ou até mesmo para minha mãe o que eu ando vivendo, tenho medo do que possa acontecer ao Jota, a verdade é que eu o amo. Mas preciso de um pontapé para me reerguer e resolver a minha vida catastrófica.
Minha atual situação é essa, João me proibiu de sair de casa, não posso nem menos ir à missa, eu já não tenho ânimo para cozinhar e nem mesmo tomar banho, tudo isso é motivo para João me agredir, tanto físico quanto psicologicamente. Sempre que falo algo para mudança dele, ele usa alguma artimanha contra mim para que logo eu me sinta errada novamente em meio a situação e ele se passe por vítima de um casamento arruinado.
Peço forças a Cristo, para que me tire da senzala que eu vivo, me dignifique e que assim eu possa ter a vida que eu sempre sonhei, e concretizar meus tão almejados sonhos.