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terça-feira, 18 de dezembro de 2018

DEIXE-O IR.

É isso, ele não vai voltar. 
Ele não vai te ligar na madrugada, durante uma crise de porre só pra dizer o quanto você é linda. Ele não vai mandar indiretas, postar memes, curtir suas fotos ou aparecer do nada no seu portão. 
Ele se foi, simples assim. Como um passageiro que pegou o trem errado e desceu na primeira parada. Ele simplesmente abandonou o barco e seguiu em frente. Não espere que ele apareça, ou te ligue, ou diga que se arrepende, homens como ele só pensam em si próprios, e não questionam decisões tomadas ou paixões mal-resolvidas. Não crie expectativas quando souber dele, ou se por acaso, se esbarrar com ele na rua. Não tente entendê-lo, geralmente, ele mesmo não se entende, ou até entende mas não há espaço para explicações.

Não se lamente. Não tente encontrar um culpado. Não se culpe. As vezes, não era para ser. As vezes, aconteceu na hora errada. As vezes, ele não estava pronto.
Porque eu sei, menina, que você está pronta. Você nasceu pronta. Você, mesmo com tantas decepções, tem um coração feito para o amor, infelizmente você o entrega para as pessoas erradas, quase sempre. As vezes, ele tem os motivos dele, e mesmo você julgando irreais ou falsos, não dá pra ditar as razões de alguém. Cada um escolhe o que quer levar da vida, talvez o amor não seja prioridade dele. Mas, não deixe que isso te impeça de acreditar no amor, não deixe que essa decepção te molde; acredite, o amor chega para quem tem paciência e sabe esperar por ele. E eu sei que você já está esperando por ele faz tempo; acreditando nas pessoas erradas, depositando sua confiança e seu afeto em corações frios, mergulhando até a cabeça em relações rasas, eu sei. Você faz sua parte, mas talvez o segredo resida exatamente aí: deixar que o amor faça a parte dele.

A partir de agora, menina, deixe que ele te encontre. Deixe que ele quebre a cabeça tentando te fazer enxergar-lo. Deixe que ele corra atrás de você.
Você merece alguém que lute por você, alguém que saiba o quanto é valiosa, alguém que fique, e principalmente alguém que queira e mereça ficar.
Não se esqueça disso.
Deixe que ele vá, alguém melhor estar por vir, eu tenho certeza.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

O QUE EU FAÇO COM A SAUDADE?




Devia existir um manual de instruções do que fazer com a saudade depois que a pessoa se vai, porque quanto mais eu penso sobre isso, automaticamente, mais eu penso em você; nesses dias eu leio todas as nossas conversas do início ao fim, revivo todos os nossos momentos em minha cabeça, consigo ouvir sua voz, enxergar teu sorriso, sentir o gosto do teu beijo depois de fumar o cigarro. Tudo, qualquer coisa que me traga você, ou que me faça matar a saudade momentaneamente.
Você nem disse adeus, não me ensinou a te esquecer, não deu prazo de validade para o que tínhamos e eu, inocente que sou, acreditei que havia motivos de sobra pra você querer ficar na minha vida, prolongar sua estádia, e boba como só eu sou, pensei que, se algum dia, caso você precisasse ir embora, por qualquer que fosse a razão, você ao menos diria adeus. Tão ingênua e boba, queimei todas as fichas que eu tinha nas mãos para deixar você entrar, mas você só me olhava do batente da porta, eu até pensei que havia entrado, engano meu.
Você se foi. Simples assim. Nem tive a chance de tentar de convencer o contrário, e mesmo que tivesse tido, depois de tantas mensagens ignoradas, eu entendi que não faria diferença mesmo.
Você, egoísta como é, só pensou em si mesmo. Você se esqueceu que aqui, desse lado de cá, há uma pessoa que entregou tudo que tinha a você, de bandeja; um coração que abriu todas as portas para que você pudesse entrar, por onde quer que fosse, desde que você estivesse aqui; esqueceu das promessas que fez, que hoje percebo, todas em vão.
E agora, quando a saudade bate eu não sei mais o que faço, nada me traz você e você nem foi embora de mim. Ainda tem tanto de você aqui. Eu até posso tentar mentir, ignorar todos os sinais do meu coração, que grita quando minha cabeça pensa em você; eu posso até fingir que não penso mais em você, ou camuflar o sentimento livre como você, mas que insiste em ficar preso comigo. Eu até posso tentar enganar as pessoas dizendo que te superei, mas se tivesse superado mesmo, para início de conversa, esse texto nem seria sobre você. Posso até mesmo tentar me enganar, e fingir que você não é meu último pensamento antes de dormir, todas as noites.
E se quer saber? Minhas noites são tão vazias sem você; não consigo ter paciência para conversas banais, nem sorrio mais com a mesma frequência, fico repetindo todos os dias que vai passar, mas a verdade é que estou contando os dias desde que você me abandonou, e isso não é seguir em frente.
As pessoas me perguntam: “O que está acontecendo?”
Eu achei que fosse nítido.
Você. Na verdade não está acontecendo, aconteceu. Como um furacão, passou na minha vida e levou todos os meus sentidos. Se te interessa, eu até tentei beijar outras pessoas, mas no meio do beijo me lembro que sua barba era mais macia. Eu até tentei sorrir das piadas sem graça que ele me contou, mas depois percebi que ao teu lado eu agia naturalmente. Eu até me esforcei para me entreter no papo dele, mas ele não me mandava vídeos engraçados, e ele tem aquela mania irritante de pedir fotos, que você não tem. Eu até tentei gostar dele, mas ele não me ligava bêbado, ou mandava mensagem dizendo que pensou em mim o tempo todo. Porque ele não é você. Ninguém, além de você, é você. E eu sei que parece bobagem, paradoxo, até idiotice… Mas ele não conseguiu entrar no meu coração...Você conseguiu! Uma pena, eu me mostrei inteira para você, eu me desfiz de preconceitos, eu me abri toda para que você me enxergasse. Queria acreditar que você me viu mas não gostou do que viu, mas, infelizmente, eu acho que você nem me viu.
Então é isso; sinto sua falta. Queria te ver, para matar a saudade do teu beijo, que se encaixa tão perfeitamente no meu, para beijar seu queixo, para me ver inteira nos teus olhos... Ou até mesmo só para dizer, que depois de você não sobrou nada para ninguém aqui dentro de mim. Você levou tudo.

sexta-feira, 16 de novembro de 2018

UM DIA

Um dia eu vou acordar e não vou mais me lembrar de você. Não vou me arrepender de ter apagado nossas conversas, ou me punir por ter dito algo que eu nem sei se disse. 
Um dia eu vou acordar e não vou querer saber como você está. Não vou pesquisar teu nome nas redes sociais e olhar tuas fotos na esperança de que eu veja algo que antes passou despercebido, ou digitar pelo menos dez mensagens por dia e apagá-las logo em seguida.
Um dia eu vou acordar e não vou sentir saudade da sua voz. Não vou esperar você me dar bom dia, ou desejar que você me ligue quando eu demorar muito a te responder.
Um dia eu vou acordar e não vou sentir vontade de te enviar aqueles memes, que achávamos tão engraçados e morríamos de tanto rir. Não vou ouvir uma música, qualquer uma, e tentar desvendar até a última letra para ver se se encaixa com a nossa história, ou assistir uma série sem querer compartilhar com você. (Por falar nisso, eu terminei aquelas três que você tanto disse que eu precisava ver.)
Um dia eu vou acordar e não vou querer te abraçar. Não vou desejar te encontrar mais tarde para te dar todos os beijos que negamos, ou para te ver sorrindo de uma maneira que só quem te conhece sabe.
Um dia eu vou acordar e não vou me lembrar de como você me olhava. Não vou me lembrar da maneira carinhosa como você me tocava, ou me lembrar dos arrepios que me causava.
Um dia eu vou acordar e você não estará mais aqui, dentro de mim. Eu não vou mais sentir saudade de você. Eu não vou mais me esforçar para lembrar a sua voz. Eu não vou mais ficar me martirizando para não esquecer as coisas que você me dizia, as promessas que você fazia.
Eu vou acordar e não vou mais precisar de você para saber que sou incrível, linda, ou que tenho uma covinha discreta quando sorrio, ou que viro os olhos para cima quando gargalho, ou que meus olhos brilham quando eu estou feliz.
Eu vou acordar e não vou me lembrar de você fazendo cócegas em mim, ou me encarando quando eu detestava, só pra dizer que eu sou linda. Vou acordar e não vou mais conseguir me lembrar do seu queixo partido, que me deixava louca. Do seu beijo que me fazia fechar os olhos, do seu cabelo que me fazia querer, sempre que o via, passar as mãos nele, as vezes até puxar.
Eu vou esquecer você. Eu vou acordar e você não terá a importância que tem. Você será só mais um cara, algum que chegou, que entrou, que bagunçou tudo que eu arrumei, que quase me fez acreditar que dessa vez seria de verdade, que me fez chorar de saudade, perder o apetite, o sono, a dignidade.
Você será só mais um que não ficou, que não disse adeus, que podia ter escolhido tudo, mas preferiu não ter nada. Só mais um, que foi embora. Tão burro quanto os que me perderam, tão covarde quanto os que não souberam se despedir.

Neste dia, talvez, você sinta saudade.
Até lá, sou eu quem sente.

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

SINTO FALTA

Eu sinto sua falta. 
Sinto falta de nós. 
Sinto falta de ver você me olhando como se eu realmente fosse tudo que você sempre quis em alguém. 
Sinto falta de ouvir você dizer que me ama.
Eu sinto falta de me sentir segura com relação a você, a nós.
Eu sinto falta da paz que acostumei a sentir do seu lado.
Sinto falta do ciúmes.
Sinto falta do carinho.
Sinto falta de você me cobrar um beijo sempre que eu entrava e saía do carro.
Sinto falta de você dirigir segurando minha mão.
Sinto falta de ter um tempo com você.
De sair para jantar aos sábados.
Sinto falta do seu abraço.
De você dizendo que sentiu meu cheiro no seu travesseiro.
Sinto falta de me sentir amada por você.
Não basta ser amada por todo mundo, eu quero que você me ame.
Sinto falta de sentir que você se importa.
Sinto falta de você fazendo questão da minha companhia.
Sinto falta do calor, dos elogios, do desejo.
Eu sinto falta de beijar você.
De acordar com uma mensagem de bom dia e ir dormir com uma de boa noite, sabendo que sou sempre seu primeiro e último pensamento do dia.
Sinto falta de me sentir suficiente para você.
Sinto falta da me sentir importante.
Sinto falta de ouvir sua risada.
Sinto falta da certeza de que sempre que eu precisasse você estaria do meu lado.
Sinto falta do nosso tempo juntos.
Sinto falta de você.
Sinto muita falta de você.
E mesmo que eu ache, do fundo do meu coração, que nós nos perdemos um do outro no caminho, eu sempre tento te encontrar, porque honestamente eu não saberia sobreviver sem você do meu lado.
E todas as vezes que eu penso em me afastar, eu sinto falta da sua voz. Sinto falta de sentir sua falta, sinto falta de poder te chamar de amor, sinto falta de me sentir insegura por você.
Sentir sua falta já faz parte de mim.
E eu vivo sentindo sua falta. Rezando para que você acorde em uma manhã e diga que me ama sem que eu tenha dito primeiro, ou que você chegue em casa e me mande uma mensagem avisando... Eu espero... E enquanto espero, eu vou sentindo sua falta, e amando você da minha maneira... da única maneira que aprendi a te amar, do jeito que você é.
Mas quero que saiba, que se o meu amor não for suficiente para nós, eu vou continuar te amando mesmo assim... calada, distante mas sempre te amando.
Se houver algo que eu possa fazer para melhorar isso, me diga.
Se existe algo que queira me dizer, me diga.
Só não me deixe viver sentindo sua falta para sempre.

domingo, 11 de novembro de 2018

O INFINITO DO UNIVERSO




Você não entende, talvez nunca consiga entender; escolhi você. E não importa o tempo que se passe ou quantas pessoas maravilhosas eu conheça, quantos namorados eu tenha, quantas paixões eu viva, no fim eu sempre corro para você.
Quando preciso recarregar minhas energias, quando preciso acreditar em algo bom, quando preciso de carinho ou até mesmo quando preciso de proteção. Você me acolhe. Você me entende. Você cuida de mim.
Eu queria entender a razão de isso tudo acontecer. Você e eu. Queria entender porquê, depois de todos esses anos, eu ainda pensar em você e em tudo que nós poderíamos ter sido um para o outro. Será que teríamos sido felizes? Será que ainda estaríamos juntos?
Veja bem, meu bem, você é a melhor lembrança que tenho. Sempre que imagino um amor, como dos filmes, penso em você. Tudo que te dei. Tudo que entreguei de bandeja para que você tomasse como seu. Tudo que fui para você e tudo que você foi para mim. Mas logo penso que não foi suficiente. Penso que você deveria ter me escolhido e não escolheu. “Mas nós éramos tão jovens...” - eu repito mentalmente, querendo me convencer de que ser jovem demais é um problema. Mas não era. Não é.
Podíamos ter sido grandes. Podíamos ter feito durar. Podíamos ter lutado um pouco mais. Eu tentei. Eu lutei. Eu me reabasteci de esperanças todas as vezes que você aparecia no meu portão; as mãos enfiadas no bolso, o olhar sério, o cheiro daquele perfume que eu adorava e que só você usava, as camisas sociais e o sorriso de moleque quando perdia outra batalha para minha teimosia. 
Ah, nós tínhamos tudo para conquistar o mundo juntos. E eu estava disposta. Eu estava mesmo.
Mas você se foi. 
Engano seu, pensar que eu acredito naquele ultimato como se fosse um verdadeiro motivo. “Essa vai ser a última vez...” - você disse antes de entrar naquele carro e levar tudo de mim. 
Mas eu era teimosa. Eu ainda sou, se te interessa saber. Há hábitos que são incuráveis.
Deixei você ir, e soube naquele instante que você não voltaria. Todo o resto, tudo que veio a seguir... As declarações, as ligações na madrugada, os beijos em pessoas sem graça só para fingir que eu estava bem, as súplicas, as visitas inesperadas no seu portão, a mania frequente de querer saber sobre você... O medo, a saudade, o vazio. Tudo isso foi real. Tudo foi de verdade. Eu era de verdade.
Todo aquele tempo, eu fui real. Eu estava lá para você. Mesmo quando eu tentava seguir em frente, eu estava lá para você. Mesmo quando eu assumia outros relacionamentos, eu estava lá para você. Mesmo quando eu fingia não me importar, eu estava lá para você. Mesmo quando você me magoava incessantemente e constantemente, eu estava lá para você. 
Porque foi isso que eu aprendi amando você. Eu aprendi a estar lá e no fim aprendi que eu mereço alguém que esteja lá por mim também.
É isso, eu esperei por você todos esses anos. 
Eu sempre pensei que haveria a cartada final, e eu largaria tudo para correr para seus braços. Eu sempre esperei o ato inesperado. A exceção. 
Mas hoje eh percebi que de tanto fingir que eu segui em frente, em um determinado momento no tempo, eu realmente segui.
Segui meu caminho sem você e parei de olhar para trás para ver se você estava lá. Parei de desejar te encontrar nas esquinas em que eu virava. 
Um dia eu acordei e era só eu. Eu não me importava mais com quantas garotas você estava saindo. Eu não me importava mais com tudo que você arrancou de mim naquele fim de agosto.
E foi virando esquinas que me perdi de você, por completo.
Eu não nego, ver você me arremete a um passado que eu tento esquecer, mas que no fundo não quero esquecer. 
É como se eu estivesse no automático, minha vida está seguindo o fluxo que deve seguir, indo pela direção que deve ir, tomando as decisões mais lógicas, mas toda vez que eu te vejo eu sinto como se eu estivesse rodeado de mentiras.
Não sei se tenho medo de admitir que você foi só mais um, ou se não quero assumir que você foi e ainda é, tudo.
E agora eu compreendo tudo, não é você que tem que se perdoar, sou eu.
E eu não perdoo você por ter tido tudo de mim e ter desperdiçado.
Mas se quer saber um segredo; Você ainda é a minha pessoa favorita no mundo todo.
Até o infinito do infinito do universo. Você sabe.
Disfarça. Olha pro chão, mecha com os pés, jogue o cabelo. Solte aquele leve sorriso de canto de boca, haja como se não doesse mais, mesmo que doa, finja que não se importa. Coloque seu melhor vestido, seu sapato mais bonito, arrume-se e seja você. Só você. Sem aquela saudade interminável dos dias em que a ele buzinava na sua porta, sem aquela saudade da barba por fazer roçando no teu pescoço, sem o desejo de poder passar as mãos nos cabelos cacheados dele. Seja só você. A mulher indecisa, engraçada, inteligente, e livre que você sempre foi. Sorria para novas pessoas, conheça outros sorrisos, deixe que alguém te desvende. Pare de sabotar sua felicidade só porque ele não faz mais parte dela. Deixe que aquele carinha engraçado da balada te leve até em casa, beije de quiser beijar. Pare de tentar encontra-lo por aí. Pare de tentar saber por onde ele anda. Não seja mais o amor da vida de ninguém, seja o amor da sua própria vida.
Sobe aquele tal morro de sofrimento, para em cima dele e diga, ainda que com a voz emaranhada: “Eu venci”. Porque você venceu. Venceu todo aquele medo de nunca mais ser feliz sozinha. E provou para quem devia que a vida continua... E depois? Depois você volta pra casa, tira seu vestido, seu sapato, se descabele. Grite o quanto tiver vontade, chore tudo que está engasgado, e descanse, durma que amanhã é outro dia, e infelizmente o encanto da Cinderela dura só até meia-noite.

SOBRE ELA


Ela cresceu, demorou um pouco mas ela amadureceu também, aprendeu que a vida tem um jeito peculiar de mostrar o caminho que devemos seguir e o coração sempre será a melhor bússola.
Ela mudou. Cortou o cabelo algumas vezes desde que você se foi. Uma ou duas tatuagens, não sei... Algumas vezes muita maquiagem, para tentar esconder as cobranças que ela se faz dia após dia, outras vezes pouca, ou quase nada. Ela simplesmente lava o rosto e mostra tudo. Ela tem essa facilidade de mostrar a alma. Talvez você tenha sorte de ver.
Ela continua sorrindo como se a vida fosse uma melodia de Chico Buarque com Caetano. Ela ama sorrir, e continua sorrindo na tentativa de esconder as cicatrizes, continua sorrindo para brincar de que não sente tudo que sente, te enganar quando está magoada. O sorriso dela pode ser tudo. Pode ser o medo de não saber o que fazer, pode ser a vergonha de não conseguir te olhar, pode ser o entusiasmo e a euforia de não saber esperar, pode ser o coração dela querendo falar; o sorriso dela pode ser a tristeza que ela não quer demonstrar. Ela tem no sorriso uma arma fatal e uma válvula de escape, ela decide qual dos dois quer usar. Mas o sorriso mais bonito dela é o de felicidade. Quando ela está feliz, os olhos sorriem junto, as ruguinhas do nariz aparecem, a covinha modesta que ela tem na bochecha esquerda, se faz saliente.
Ela não consegue te olhar nos olhos porque ela está tímida. É assim que você descobre quando chega ao coração dela.
Ela te abraça e não quer te soltar. Encosta a cabeça do teu ombro e pede carinho. Ela te olha como se pudesse desvendar todos os teus segredos mais profundos. Ela monta o quebra-cabeça que é você. Monta, desmonta. Brinca. Tão menina, tão mulher, tão ela.
Ela ainda odeia pizza vegetariana, não sabe beber mas mesmo assim bebe, não sabe tomar sorvete sem se sujar, fica de pijama o dia inteiro se deixar. Ela conta os finais dos filmes, depois pede desculpa sem estar verdadeiramente arrependida. Ela pede pra você contar. Ela não dorme de barriga pra cima e ainda se gripa sempre que o tempo muda.
Ela continua acreditando nas pessoas. Ela diz que se deixar de acreditar perde a fé em si mesma. E ela acredita. As vezes, ela não parece pertencer a esse mundo. Ela jura que nasceu no tempo errado. Não sei. Só sei que tive sorte de nascer no mesmo tempo que ela.
A única mentira que ela vai te contar é: “Eu não quero me apaixonar!”- ela sempre quer! Ela acredita que amamos mais de uma pessoa na vida, mas que existe uma que é feita sob nossa medida. As vezes, temos sorte de encontrar essa pessoa, ou passamos a vida inteira procurando por esse amor ou desistimos. Fato é que pra ela o amor sempre é a melhor opção.
Ela é intensa. Tudo nela tem uma proporção maior do que você espera. Inclusive e, principalmente, o amor. Ela ama intensamente. Ela se entrega de corpo, alma e coração a tudo e todos que fazem por merecer, em razão disso ela se decepciona muito. Mesmo assim ela não desiste. Ela nunca desiste de ninguém. Se você é amado por ela, sinta-se privilegiado. Você é prioridade.
Ela é cuidadosa, e ama os animais. Está tão acostumada a sempre ter razão que é praticamente impossível você convence-la do contrário. Ela é inteligente e finge que não sabe disso, ainda fica vermelha sempre que recebe elogios e morde o lábio quando está nervosa.
O ciúme é o termômetro do gostar dela. Se ela sente ciúme, ela te ama. Ela é insegura, dengosa, mimada, pirracenta, teimosa, indecisa, carente e meiga. Está sempre disposta a ajudar quem ama, defender, aconselhar.
Ela fala demais quando está nervosa.
Ela mudou, mas continua sendo ela. Continua sendo dela. Continua vivendo do jeito que ela acha certo. E não não santo nesse mundo que a faça mudar de caminho. Quando ela decide uma coisa, meu amigo... Pode deixar. Enquanto ela não quebrar a cara sozinha, ela não desiste.
Tem o rosto pintado de estrelas. O rosto não. O corpo. A alma. Tudo nela brilha. Eu poderia contar cada pintinha dela e te dizer, mas aí eu estaria estragando a oportunidade de você ter o prazer de contar sozinho. O prazer de sentir o perfume suave dela no pescoço. Os fios do cabelo dela espalhados pela cama.
Ela entendeu, depois de todos esses anos, que vale muito mais do que imagina, e ela acredita que vai ter tudo que sonha, não porque ganhou de mão beijada, mas porque ela conquistou e mereceu.
Seja o amor que ela tanto deseja, ou seja só o amor dela. Tudo ou nada. Você escolhe, mas não se esqueça, é ela que decide quem fica!

terça-feira, 6 de novembro de 2018

(DES)APEGO

Eu acreditei em você. 
Eu até tinha outra escolha, eu até quis não acreditar, fingir que acreditava e rir por dentro. Mas acreditei.

Não faz mais sentido.
Assim como não faz sentido pensar em você do nada, ou querer ouvir sua voz sem motivo. Assim como não faz sentido ficar remoendo todas as coisas que eu poderia ter te dito, mas que eu guardei para não te fazer correr - olha que ironia, você correu de qualquer forma.
Não faz sentido, eu ficar olhando se você está online a cada segundo, muito menos ficar arquitetando uma história para poder puxar assunto. Nós costumávamos falar sobre tudo, parece que sempre existia algo para contar, para saber, para argumentar, para debater. É engraçado esse silêncio perturbador que a gente faz agora.
Não faz mais sentido sentir saudade de beijar você, ou abraçar, ou acariciar sua barba, ou mesmo contornar seu queixo com meu dedo. Não faz mais sentido querer ouvir sua voz. Assim como não faz sentido só dormir bem depois do seu “boa noite” ou de precisar do seu “bom dia” para que meu dia seja, realmente, bom. Nada faz sentido.

Eu fico remoendo isso, tentando encontrar uma razão. Tem que ter uma razão não é? Porque, não é normal alguém dizer que está apaixonado por você em um dia e no outro não te responder mais. Tem que ter um motivo, um porquê, um significado, uma teoria, uma explicação. Tem que existir algo.

Primeiro, eu pensei que a culpa fosse minha. Sim, minha. Pensei que eu tivesse te sufocado demais com meu sentimento, te pressionado demais a ser tão inteiro e intenso quanto eu. Pensei que eu tivesse entendido tudo errado, visto sentimento onde não tinha, interpretado todos os sinais de maneira equivocada. Pensei que todas aquelas vezes em que você me ligou fosse algo que eu havia criado na minha cabeça, ou as vezes em que você me mandou mensagem dizendo que estava apaixonado fosse alucinação. Procurei cada mensagem em nossa conversa. Li. Reli. Estava tudo lá.

Foi então que eu percebi que eu não era louca, que eu não estava errada. Eu percebi que não tinha culpa de você não honrar suas palavras, não cumprir suas promessas.

Você disse que não seria como ele, e agora onde você está? Disse que me merecia, que me provaria, mas está fazendo justamente o contrário. Você disse que não me deixaria desistir de nós, mas você largou minha mão em algum momento e eu não consigo mais te encontrar. Você disse que não me faria sofrer, prometeu, mas agora eu entendi que a única pessoa em que eu posso acreditar, é em eu mesma.

A saudade está me sufocando. Parece que tem um peso no meu peito que me impede de respirar. Você preenchia meus dias com cores que eu nem sabia que existiam, talvez não existam mesmo, agora que você se foi todas elas desapareceram. Tem saudade sua até nos meus sonhos. Tudo em mim fala de saudade.

Se eu fechar os olhos, talvez eu consiga reviver a última vez que nos vimos, o jeito como você me beijava, me olhava, me tocava... Sua voz dizendo que eu sou linda, suas mãos me puxando pra perto, e dizendo que amava minhas pintas, que quando eu sorria meus olhos ficavam lindos, e que eu tinha uma pequena covinha na bochecha. Tudo isso. Você dizendo que eu era intensa, e louca, mas que amava meu jeito louco. Que meu ciúme era engraçado, que não queria que eu mudasse.

Na última vez que nos falamos, você estava bêbado. Foi aquele clichê todo de o cara bêbado te ligar depois que chega em casa. Talvez você não se lembre, mas você disse que estava tão apaixonado e que nunca havia se declarado dessa maneira para ninguém. (Eu queria não me animar, afinal, você estava bêbado e nós sabemos que palavra de bêbado não vale nada.) Mas você disse, que quando um homem liga de madrugada e bêbado pra alguém, é porque ele quer falar tudo que não tem coragem de falar são. Disse repetidas vezes que eu era “tão linda”, que não se cansava de falar isso... E como se não bastasse, disse que eu era incrível, mas que eu não me dava conta disso. A última frase que você me disse foi “Diz alguma coisa!” - mas eu não disse nada. Para alguém que escreve tão bem sobre os sentimentos, que fala tanto quando não tem necessidade, eu me tornei muda naquele momento. Havia tanta coisa que eu gostaria de ter dito. E aí, você adormeceu. Adormeceu comigo do outro lado da tela, adormeceu pedindo pra eu não desligar. Adormeceu sem dar tchau. Só adormeceu.

Você não sabe, mas eu ainda fiquei na linha uns cinco minutos te ouvindo respirar; e antes de desligar eu disse, como se já soubesse o que estava por vir: Se cuida. Dorme bem e não desiste de mim, por favor.

A culpa não foi minha.
Nem sua.
A culpa foi do destino que me jogou nos teus braços, me fez conhecer você, re-conhecer, te querer, e me apaixonar... Mas esqueceu de fazer o mesmo com você.

Queria terminar pedindo pra você deixar eu cuidar de você. Viver com você. Curtir um pouco mais de você. Mas, acho melhor terminar com o bom e velho clichê, de quem tem muito pra dizer, mas só pode falar: Se cuida. 

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

INFINITA COMO ELA

Eu poderia começar falando que a vi ontem, e que por isso que eu senti saudade hoje. Mas eu estaria mentindo. Noventa por cento das vezes eu não preciso de nenhuma razão para sentir saudade. Ela simplesmente chega, do nada.
Ontem mesmo, eu estava assistindo televisão e ouvi uma piada engraçada, e a primeira coisa que quis fazer foi ligar para ela. Peguei meu telefone e fiquei olhando a tela, aquela foto dela com o papagaio no dedo ainda está como proteção de fundo. Eu não liguei. Mas senti uma saudade absurda.
A saudade é assim, ela não pede permissão. As vezes, chego em casa cansado do trabalho, tomo um banho e jogo a toalha molhada em cima da cama, eu quase consigo ouvir ela gritando comigo por causa disso. Nessa hora a saudade aperta. Dói. O vazio, a solidão, o silêncio. Não tem mais música tocando quando eu chego, ela não está mais rodopiando pela sala com um controle na mão enquanto canta suas músicas preferidas.
Ainda consigo sentir o perfume dela no meu travesseiro, outro dia achei um fio de cabelo na minha escova. Queria sentir raiva, mas tudo que eu consegui fazer foi sorrir e me olhar no espelho. Eu costumava abraçá-la por trás sempre que ela estava se penteando, o cabelo dela tem cheiro de fruta, eu adoro aquele cheiro.
A saudade é recorrente. Presente. As vezes, eu consigo respirar sem pensar no que ela pode estar fazendo agora, mas em algum momento, alguma hora do meu dia, nem que for por alguns segundos, ela reaparece. É assim. A saudade não dá trégua. Não me deixa dormir sem pensar nela. Não me deixa acordar sem imaginar o que ela deve estar fazendo. Não me deixa sorrir sem querer que ela estivesse aqui para sorrir comigo. Não me deixa amar , porque ninguém é boa o bastante. Nenhuma outra mulher tem aquelas ruguinhas engraçadas no nariz quando gargalha. Nenhuma outra mulher, além dela, sorri com os olhos. Se sorri, não percebi. Meus olhos só prestam atenção nela. Nenhuma outra mulher fala sobre coisas que não domina, ou me deixa concentrado nas histórias que conta. Noventa por cento das vezes, sinto preguiça de todas. Menos dela. Nenhuma outra mulher fica vermelha quando eu a elogio. Nenhuma outra mulher fica vermelha por tudo. Nenhuma outra mulher chora com finais de novela. Briga com personagens de filmes. Se emociona com animações. Nenhuma outra mulher parece tanto comigo. Nenhuma outra mulher mergulhou tão fundo no mar do meu coração; ou me enxergou tão bem que não precisei nem mostrar quem eu era. Nenhuma outra mulher faz cafuné com o nariz, só ela. Nenhuma outra mulher se irrita com teorias que só existem na cabeça dela; ou fala palavrão sem se sentir envergonhada. Nenhuma outra mulher, porque nenhuma é ela.
A saudade dela é infinita.
É infinita, como a forma que ela sorri sem ter medo de estar chamando muita atenção, ou expressa os sentimentos como se fossem tão essenciais que se tornassem vitais. É infinita, como a mania que ela tem de querer sempre ter razão, ou falar alto sem pedir atenção. É infinita, como o poder que ela tem de dominar e me fazer não querer tirar os olhos dela. É infinita, como os olhos dela, que me leem sem despistar ou fingir. É infinita, como a mania de contar piadas sem graça que só ela tem. É infinita, como o coração dela. Grandioso.
A saudade dela é infinita, como ela.

sábado, 20 de outubro de 2018

SE ELE FOR DE AQUÁRIO

Ele é daquele tipo de pessoa que você não consegue esquecer, você olha uma, duas ou até três vezes para ter certeza de que viu direito, porque tem alguma coisa dentro dele que atiça sua curiosidade. Ele está sempre rodeado de muitos amigos e acompanhado de um sorriso cheio de vida que te contagia logo de cara. Você, mesmo sem conhecê-lo, vai querer fazer parte da vida dele.
Ele é espirituoso, inteligente mas não se gaba por isso, tem um humor quase negro e mesmo assim consegue te fazer rir, e você até pensa que ele é tímido, mas só até a segunda página. Uma palavra e você não consegue mais parar de querer ouvi-lo. Ele fala, fala, fala e você se pega a todo instante imaginando qual é a coisa nova que você vai descobrir. Quando se da conta já passou das cinco e vocês não dormiram nada, no histórico da conversa você percebe que vocês falaram de tudo, mudando de assunto sempre e sem perder o fim da meada.
Ele te faz sentir viva (sem querer romantizar). Ele revigora suas energias, te faz rir mesmo quando não tem pretensão, te manda vídeos sem saber o quanto está lindo, e te conquista mesmo sem querer.
Uma conversa de cinco minutos e parece que vocês já se conhecem ha uma vida. Ele é muito comunicativo e sociável, mas a verdade é que as pessoas gostam mais dele, do que ele delas. É paradoxo, mas você vai entender… Ele não costuma se entregar com facilidade, seja para um amor ou para uma amizade, sentimentos para ele, em sua grande maioria, são supervalorizados.
Ele não é amigo de qualquer um, mas se você tiver essa sorte estará sempre acompanhado da melhor pessoa; aquela que te ajuda a travar suas batalhas individuais, que mesmo que você não admita, sabe quando você precisa de um ouvinte. É isso. Ele é tão bom em ouvir quanto é em falar. Guarda segredos como ninguém, tenho pra mim, que ele guarda tão bem guardado que até esquece depois de um determinado tempo. E além de tudo isso, é daquele tipo de amigo com que você sabe que pode contar. Ele conserva tudo que ama, e se reparar bem, a maioria dos seus amigos são amigos de longas datas, não porque ele tem dificuldade em fazer novos amigos, mas porque ele acha suficiente os que já tem.
Quando cisma em ser do contra, ele se torna irritante. Sempre com argumentos contundentes e as vezes com ironias que te deixa nervoso. Você nunca sabe quando ele está falando sério ou só tirado sarro da sua cara. A confusão emocional faz parte do pacote, mas eu acredito, que com o tempo você vai aprender a entender e aceitar o jeito dele de sentir.
Ele está sempre disposto a aprender e conhecer, vê valores em você que nem você mesma consegue ver, e quando ele coloca uma ideia na cabeça, não há Cristo que mude, ele te faz querer enxergar o mundo com os olhos dele. Poucas vezes conheci alguém que defendesse uma teoria, um sentimento, uma história ou uma crença com tanto afinco.
Sem dúvidas, ele será uma das pessoas mais imprevisíveis que você conhecerá, capaz de te deixar confusa e dar vários nós na sua cabeça, de maneiras inimagináveis. Se ele quiser, repito, se ELE quiser você conseguirá desvendar e até desfazer todos esses nós, mas se ele não quiser você passará o resto do tempo, talvez até da vida, tentando entender coisas que só fazem sentido para ele.
Dono de uma genialidade admirável, personalidade forte, criatividade invejável e pensamento revolucionário; ele é criativo, exótico e mesmo jurando de pé junto que não, ele é extremamente vaidoso. Ele está sempre olhando para frente, é do tipo que não perde muito tempo lamentando decisões tomadas, ou se vangloriando pelas coisas que conquistou… Ele comemora a vitória em silêncio.
O que o intriga? O futuro! Mas é você quem vai se pegar viciada, intrigada, apaixonada e quando menos perceber você estará nas mãos dele. Encantada pela visão que ele tem do mundo, maravilhada pelo sorriso, seduzida pela inteligência, cativada pela forma como ele te trata.
Você terá que ter paciência, se quiser fazer parte do mundo e da vida dele. Apesar de ser sociável e comunicativo, ele é reservado e gosta de privacidade de poder ficar à vontade no mundinho dele. Então, seja lenta. Eu acredito que o segredo é deixar que ele se interesse primeiro em você, deixá-lo curioso é uma grande arma, ele adora desvendar mistérios, conquistar, conhecer, aprender. Torne-se um enigma, e ele terá todo o prazer em descobrir tudo sobre você, para no fim desvendar cada um dos teus segredos.
Ele tem uma pequena dificuldade em lidar com sentimentos, seja dele ou de outra pessoa, as vezes parecerá frio e insensível, mas sem que você perceba ele te surpreenderá com o abraço mais aconchegante que você já conheceu, o beijo mais carinhoso, o cafuné mais gostoso. Ele ama nas ações. Ele não é do tipo que fala de amor, ele é do tipo que faz o amor acontecer. Ele não ama com facilidade, porém, quando ele ama… Ah, ele se entrega por completo. Corpo, alma, coração e pensamento. Ele acredita que quem ama merece sempre o melhor que ele puder oferecer.
A verdade é que ele ama a liberdade, de ser quem ele quiser ser, de ir para onde quiser ir, de amar quem ele quiser amar. Ele gosta da sensação de saber que poderá ir onde quiser tendo a certeza de que você estará lá quando ele voltar, e não é de se preocupar, porque você sabe que ele sempre volta quando se importa com algo. Ele detesta quem tenta mudá-lo ou sacrificar a independência dele; por isso que tentar prendê-lo ou controlá-lo nunca será uma opção. Ele é persistente, se ele te quer, ele vai te ter.
Antes de amá-lo, você terá que amar as incertezas dele, as aventuras e loucuras mesmo antes de saber sobre elas, amar as ideias malucas, as teorias de conspirações e a rebeldia dele. Terá que amar sua inquietude, sua ansiedade, seus desafios. Ele saberá tudo de você, sua cor preferida, seu time, seus medos, seus traumas, seus desejos; o que te faz feliz, o que te deixa triste, o que você mais gosta; sua comida preferida, sua bebida preferida, sua aversão por verduras e legumes, suas paranoias, sua bipolaridade, seu humor. Mas você não saberá nada sobre ele, ou quase nada, só aquilo que ele quiser que saiba… Tomara que ele queira te mostrar tudo, te dar tudo, ser tudo.
Ele é tão livre que te fará querer viver essa liberdade ao lado dele, te fazendo esquecer que a magia de ser livre é exatamente o contrário, é você se acostumar e amar vê-lo sendo livre sozinho. Essa é a parte mais bonita nele, aquela parte que te fez apaixonar por ele, aquilo que você nunca vai querer roubar dele: A liberdade.
Ele tem dessas coisas, a paciência de chegar de mansinho, atravessar a rua, caminhar ao teu lado, sorri como se não estivesse planejando revirar teu mundo, fazer hora na sua calçada, encostar no batente da porta até que finalmente você o deixa entrar.
E como bom aquariano, ele entra e quer ficar.
Porque no fundo, mesmo dizendo que o amor não é pra ele, o amor é seu maior desafio, e nós já sabemos … Ele ama um desafio.
Vocês dois podem fugir, se é o que você quer! Vocês podem se esconder, se é o que você quer ou vocês podem viver momentos inesquecíveis juntos, se é o que você quer!
Você decide… Mas não pense que decidiu sozinha, ele já havia decidido tudo por vocês.

terça-feira, 9 de outubro de 2018

O "CARA" DOS SONHOS


Sempre quis um cara que me achasse linda quando acordasse, ou que me ligasse para dizer que estar com saudade cinco minutos após ter saído da minha casa. Sonhei inúmeras vezes com o cara que fosse me fazer rir até a barriga doer. Costumo dizer que, se me faz sorrir me faz amar mais rapidamente. 
O cara que não precisasse me tocar duas vezes para eu me acender. Só uma bastava. Que soubesse respeitar meus limites quando eu os colocasse. Odiasse meu ciúme, mas convivesse com ele mesmo assim, porque ele é só um jeito meu de amar. E que sentisse ciúme de mim também. Um cara meu, só meu. Sem aquele “clichê” babaca, de que “todo homem trai”, o meu homem dos sonhos não trai. Até porque ele não precisa trair pra saber que me ama.
O cara que soubesse quando estou com raiva, mesmo se eu disser que não estou. Que escolhesse o lugar para ir, quando eu disser que não sei. Que não fosse embora quando eu o mandasse ir, que ficasse. E que nunca me fizesse chorar, mas caso isso aconteça, por qualquer que seja o motivo, que ele esteja prontamente disposto a enxugar todas as minhas lágrimas, mesmo as que não forem culpa dele, ou melhor, principalmente essas. Empatia é uma qualidade que eu admiro muito. O cara que me ligasse de volta, se eu desligasse na cara dele.
Que tenha um sorriso lindo, porque eu sou uma daquelas admiradoras alucinadas por sorrisos verdadeiros, braços fortes, e mãos grandes. Que tenha mais do que festas, cervejas e mulheres na mente. Eu, sinceramente, preciso de um desse. Um que saiba a diferença entre estar triste e estar brava (porque eles quase nunca sabem diferenciar isso), mas que mesmo não sabendo não meça esforços para consertar essa situação.
Alguém que não se importasse com meus dengos, meus mimos, meu jeito sensível, chorona, tantas vezes inocente e imatura de ver a vida. Porque eu ainda acredito que coisas boas acontecem para pessoas boas, e ele nem precisa ser um príncipe, tampouco me oferecer um conto de fadas. Quero poder escrever nossa história um capítulo por dia, vivendo intensamente e verdadeiramente cada detalhe. Ele não precisa saber cozinhar, nem precisa gostar de cinema como eu, ou o mesmo estilo musical, não precisa acreditar nas mesmas coisas que eu, nem defender os mesmos ideais. Ele não precisa chegar de mansinho, ele pode invadir, se quiser. Encher meu coração de amor. Encher minha vida de felicidade; e tudo bem se ele vier acompanhado de alguns defeitinhos e algumas paranoias, eu não procuro o cara perfeito, eu procuro o cara que mesmo não sendo como eu, ainda me faça querer encontrá-lo e amá-lo todos os dias, até naqueles em que ele não merecer.
Esse cara dos sonhos, sabe? Ele vai ter que aturar minhas surpresas, vai ter que gostar de fazer rir, vai ter que gostar de rir também, vai ter que aturar o cinema uma vez por mês - no mínimo. Ah, claro! Ele vai ter que gostar de garotas com atitude, carisma, e personalidade. Mas se ele não conseguir ser ou fazer tudo, que ele só me ame. Com tudo que der, com tudo que puder, com todo seu amor.


(Essa é uma reedição de um texto meu, escrito em 2013, mudei poucas coisas do texto original, de lá pra cá meu conceito de cara dos sonhos mudou um pouco.)

terça-feira, 2 de outubro de 2018

Sobre destino e chances desperdiçadas.




Você devia mesmo ter me beijado.
Não sei o que aconteceria, não sei se estaríamos juntos, não sei se você teria ido embora, nem sei se eu estaria falando com você agora. 
A vida tem dessas coisas né?
Talvez se tivéssemos nos beijado naquele dia, teríamos ficado só nisso e eu não teria tido a chance de conhecer teu coração ou de me apaixonar por você a quilômetros de distância (não precisa correr, está tudo sob controle). 
Então o destino fez isso, fez com que eu não deixasse que você me notasse te olhando pelo retrovisor, fez com que você, logo você, não criasse coragem de me beijar quando se despediu empoleirado na janela do carro. Sabe porque? Porque os planos eram outros.
Droga de plano. Droga de destino.
Droga de coração que não entende as indiretas quando deve entender. 
Droga de menina, que mesmo mulher, ainda é menina, porque tem medo de ser rejeitada, mal interpretada, questionada e apontada.
Droga de chance.
Chance, perdida. Chance não aproveitada. Chance passada. Chance anulada.
Droga de vontade de pegar o primeiro carro, avião, ônibus ou bicicleta e correr até você.
Droga de vontade de morar no mesmo lugar que você.
Droga de vontade de me esbarrar com você a cada esquina que eu virar.
Droga de vontade de saber que não posso e mesmo assim querer.
Droga de vontade de você.
De imaginar seu rosto, de imaginar como você fica quando goza, de imaginar seu jeito de me contornar, de te imaginar aqui.
De me imaginar aí.
É isso. Eu não posso te prometer nada e sei que você não pode também, nem vou te cobrar isso, mas é uma droga ter que imaginar que talvez, meu cara dos livros, meu romance de verdade, minha melhor pessoa... esteja tão perto e tão longe ao mesmo tempo.
Mas quer saber? Agradeço ao destino.
Porque antes de você, eu estava desacreditada em amores que ultrapassam o tempo. Agora eu sei que se eu procurar bem, talvez do outro lado do país, talvez do outro lado da tela, ou do outro lado do mundo, eu encontre alguém que me faça acreditar em tudo novamente.
Acreditar que coisas boas são atraídas para pessoas boas, e que sorrisos largados são como ima de geladeira, quando você encontra outro, você gruda nele e não consegue mais largar. 
Meu sorriso escolheu o teu. Largado como o meu. E acho que, assim como o seu, meu coração também é mais sorriso do que coração. 
Que culpa eu tenho se gosto mais de sorrisos do que de muita beleza estereotipada. Gosto mais do teu sorriso do que de muita gente.
É como diz aquele pagode antigo “deixa que o amor encontre a gente”.
Já chega de correr atrás do amor, resolvi deixar ele me encontrar.
E ainda bem que você me encontrou, amor.

VOCÊ É MEU LAR

Eu continuo sempre voltando para você.
Simples assim, não consigo evitar.
Você é como um imã que me atrai, que me puxa para perto de você, que não me deixa ir para muito longe. 
Eu poderia – e deveria – enumerar inúmeros motivos para não voltar. Mas de que adianta? Se quando vou embora só são relevantes as outras tantas razões que me fizeram ficar até hoje.
Eu poderia falar que você é egoísta. Que só leva em consideração os teus sentimentos e que tantas vezes deixou a desejar com os meus, mas prefiro elucidar o quanto é lindo e ao mesmo tempo irritante aquela sua mania de me obrigar a colocar uma blusa de frio dentro da bolsa antes de sair.
Eu poderia dizer que você é desorganizado, que detesta que arrumem sua bagunça, porque de algum modo, que só você entende, ela é arrumada. Mas, prefiro ressaltar o quanto é lindo quando você sorri, o quanto você fica leve, e o quanto seus olhos se fecham. Seu sorriso é mais que um argumento para que eu sempre volte, ele é uma arma.
Eu também poderia dizer que você tem dificuldade em admitir quando erra, e que é irritante o fato de você nunca se desculpar, irritante e frustrante, mas prefiro me lembrar de quando você me acorda com cheiro no pescoço e me faz esquecer que existe um mundo lá fora. Eu prefiro me lembrar da sua habilidade em me acalmar quando estou nervosa, ou até mesmo do seu jeito de entender meu silêncio e saber que, as vezes, eu preciso de muito mais que palavras, eu preciso de toque. Seu toque. E ah… Isso me acalma de maneiras inimagináveis.
E sim, você é frio; orgulhoso; rancoroso; ciumento de uma maneira que parece ate loucura, mas prefiro sempre enaltecer o quanto você é engraçado, o quanto você me protege (as vezes de situações em que eu nem consigo ver o perigo, ou melhor, na maioria das vezes eu não o vejo mesmo). Você cozinha. Você me obriga a usar chinelo em casa. Você não grita. E eu te amo.
Te amo por todas as suas qualidades. Te amo por você ser, de longe, a pessoa mais generosa que eu conheço. Mas te amo principalmente por seus defeitos.
Te amo e escolho ficar.
Te amo e escolho voltar.
Te amo e escolho você, escolho esse mar de manias irritantes que você tem, escolho esse monte de defeito chato que ninguém admite que tem - principalmente você —, escolho as qualidades, escolho os medos, escolho as feriadas que te fizeram ser quem você é hoje, escolho tudo de você… E escolho você, porque se não for você, não é ninguém.
Eu escolho nós.
Escolho nossas dificuldades.
Escolho nossas fraquezas.
Escolho e aceito. Aceito e admito. Admito e assumo. Assumo e grito. Grito ao mundo todo que eu vou sempre voltar para você, todas as vezes em que eu for embora eu vou voltar, porque você é mais que minha casa, você é meu lar.

(RE)CONHECENDO VOCÊ!



Foi em uma terça feira de setembro.
Primeiro dia de primavera.
Eu amo a primavera. Eu amo a sensação de vida que se espalha no ar nessa estação.
O cheiro de flores desabrochadas.
O cheiro de folhas novas.
Até o vento tem cheiro de novo.
Se o outono é tempo de mudança, a primavera, por sua vez, é tempo de colheita. É tempo de viver a mudança.
Eu nasci na primavera. Sou suspeita.
Todo ano, nessa mesma época, eu me renovo.
Não se trata de ficar mais velha e mais madura, como se é esperado.
Se trata de entender que, as vezes, a vida exige muito mais do que podemos dar, e renovar nossas energias é revigorante.
A primavera me trouxe você.
Terça-feira. O cheiro de coisa nova. O perfume. Seu perfume e aquele pequeno esbarrarão no meu ombro que mudou toda a minha vida.
Cinco minutos. Foi o que bastou para que eu me perdesse na infinitude dos teus olhos verdes-folha-seca. Seu olhar de outono. Seu olhar de mudança.
Um esbarrão. Cinco minutos e duas palavras : Sinto muito!
Você disse com a voz baixa enquanto segurava meu braço para me equilibrar.
(Re)conheci teu toque.
Um esbarrão. Cinco Minutos. Duas palavras. Um toque. Uma mistura de sensações e arrepios que me fizeram reconhecer você.
Dentre tantos bilhões de seres humanos nesse mundo. Você!
Minha primavera, que estava dando cor ao teu outono, fez você sorrir.
Teu outono, que estava alimentando minha primavera, me fez sorrir.
Ah, como eu tive sorte! 
Ah, como você teve sorte! 
Como tivemos sorte!
Hoje eu entendo, percebo, reconheço. A cena se passa e repassa em câmera lenta. Me lembro daquele dia, como se fosse agora.
Se fechar os olhos, eu consigo até te ver lá; parado na rua movimentada, me olhando e desvendando minha alma.
O tempo não parou, fomos nós que paramos no tempo.
Ficamos nos encarando por tempo demais.
E nesse contexto de coisas novas, de mudanças necessárias, da busca incessante por algo novo foi que eu finalmente entendi; o amor é raro e é um pecado desperdiça-lo.
Veja só, o mundo deu quantas voltas até aquele momento? 
Quantas outras pessoas se esbarram em você? 
Em quantas outras pessoas eu me esbarrei? 
Quantos sorrisos nós demos longe um do outro? 
Quanto tempo havia se passado desde a última vez que te vi?
O amor nos escolheu. Mais uma vez. Eu e você. Parados na mesma estação. Encontrando-nos sem saber que estávamos perdidos. Se quer sabíamos que estávamos procurando algo. 
Mas estávamos e encontramos. Nos encontramos. Nos reconhecemos.
Terça-feira. Primeiro dia de primavera. Um esbarrão. Cinco Minutos. Duas palavras. Um toque. Eu, você e o amor.
Já consigo até ouvir sua risada e a voz rouca me dizendo: Prazer te (re)conhecer!
Não tive chance de falar naquele dia, mas vou dizer agora; O prazer foi e é todo meu.
Seja bem-vindo de volta.


Hoje eu olhei nossas fotos. 
Já fazia um tempo que eu vinha criando coragem para encarar o passado sem medo do futuro. 
Lembrar de tudo que vivemos me amedronta, porque sei que você não estará nas aventuras iminentes.
Engraçado, eu poderia jurar que o que tínhamos era forte o suficiente para perdurar, para desafiar o tempo, os limites e todas as barreiras que a vida, inevitavelmente, nos impõe.
Hoje eu senti sua falta.
Finalmente, depois de todos esses meses eu me permitir sentir saudade;
Sentei na varanda de casa e chorei. 
Chorei todas as lágrimas que eu evitei chorar. 
Hoje, eu me permiti sofrer. 
Me senti forte o bastante para deixar que meu coração sentisse toda dor desde que você se foi.
Hoje eu sorri, depois de ver nossas fotos e me lembrar dos nossos momentos.
Sorri porque me lembrei de uma piada sem graça que você contava sempre que acabava o assunto.
Sorri porque percebi que todas as lágrimas que derramei antes não foram de arrependimento, nem de mágoa, mas aquela sensação gostosa de dever cumprido. 
Sim, eu cumpri minha parte com você. 
E não tive culpa de você não conseguir fazer o mesmo por mim.
Hoje eu me perdoei.
Perdoei todas as vezes que eu te liguei e desliguei no segundo seguinte.
Perdoei minha mania de comparar todos os outros homens que conheci, com você.
Se era bom demais, mais cedo ou mais tarde ele iria embora, como você.
Se era ruim demais, não servia porque não me fazia rir, como você. 
Perdoei todas as vezes que sabotei minha própria felicidade por medo de te esquecer por completo.
Me perdoei por te amar mesmo quando você não merecia.
Me perdoei por te amar e não me importar com reciprocidade.
Me perdoei por me abandonar, por esquecer que eu mereço ser feliz.
Me perdoei por não valorizar tudo que sou, tudo que lutei para ser.
E me perdoando, finalmente, pude perdoar você!
Hoje eu perdoei você.
Perdoei sua falta de empatia quando se foi.
Perdoei sua falta de consideração quando se apressou em me substituir.
Perdoei o seu desamor.
E entendi, que mesmo quando uma parte da gente se vai – uma grande parte, diga-se de passagem – ainda resta o que somos. 
E o que somos tem que ser o suficiente para nós.
Muito antes dos sonhos em conjunto, eu já sonhava sozinha, e vou continuar sonhando…
Afinal, ninguém morre de amor. 
E eu sou o suficiente. 
Eu me basto.
Hoje eu rasguei todas as lembranças que você deixou.
Não porque não consigo te superar, mas porque eu consegui escalar aquela montanha de dor até o topo, e agora, finalmente, eu consigo ver o mar de oportunidades que está a minha espera.
Eu finalmente consegui enxergar, depois de todo esse tempo, que o amor da minha vida sou eu!

O AMOR NÃO DÓI

O amor não dói. O que dói é a desconfiança. O que dói é a mentira. O que dói é ter sua liberdade caçada.
O amor não dói. O que dói é não ter voz, ou até ter, mas não ser ouvida. O que dói é o medo, o vazio, a ausência de fé e esperança.
O amor não dói. O que dói é a indiferença, a falta de comprometimento, a falta de empatia, a falta de consideração. O que dói é o constante pedido de “desculpas” que não resulta em melhora.
O amor não dói. O que dói é a ofensa, os olhares inibidores, o constrangimento. O que dói é não poder escolher a roupa que quer usar, ou não poder falar com quem quiser falar.
O amor não dói. O que dói é ter que ceder porque ele disse que vai procurar na rua quando você não quer transar. O que dói é ter que se polir o tempo inteiro para que ele não se sinta ofendido ou fique irritado.
O amor não dói. O que dói é não poder falar com suas amigas porque ele não gosta delas. O que dói é ter que pedir permissão para “ser” o que ou quem você quiser.
O amor não dói. O que dói é o abuso psicológico que ele faz com você. É o fato dele dizer que “ninguém além dele” vai te aceitar, te querer ou te amar. O que dói é se sentir culpada por algo que, definitivamente, você não tem culpa, como o fato dele estar te traindo.
O amor não dói. O que dói é a chantagem psicológica quando você não quer dar as senhas das SUAS redes sociais para ele. O que dói é ouvir que “só ele te suporta”.
O amor não dói. O que dói é ele subestimar sua inteligência, criticar seu corpo, minimizar seus sentimentos, desmerecer suas conquistas, desrespeitar suas vontades, desdenhar do seu amor.
O amor não dói. O que dói é o tapa que ele te deu no mês passado porque você não quis transar. O que dói é o fato dele te chamar de vagabunda quando você quer sair com suas amigas. O que dói é ele não te deixar beber, porque “mulher dele” não bebe.
O amor não dói. O que dói é ele ter puxado seu cabelo e te empurrado porque você discordou dele. O que dói é você não se reconhecer quando se olha no espelho.
O amor não dói. O que dói é você não sentir mais dor. O que dói é você não sentir mais nada. Você morreu por dentro e a culpa não foi do amor, nem sua, a culpa foi e é toda DELE.
O que dói é você não ter forças para se recuperar sozinha. O que dói é ele ter destruído tudo que você construiu.
O amor não dói, o que dói é ele ter arruinado tudo que você pensava sobre o amor. O que dói é você ter amado a pessoa errada.
E no fim você entende que ele não te ama, nunca te amou, porquê o amor não dói!

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

"VOCÊ PULA, EU PULO!"



Outro dia tive que ouvir uma das minhas melhores amigas chorar porque o relacionamento de oito anos havia chegado ao fim. Oito anos. Uma vida. E como se não bastasse, uma filha. 
Ela me fez perguntas irrespondíveis, porque eu não sabia o que dizer, logo eu, que sempre tenho uma resposta na ponta da língua, uma teoria, um conselho. Por vezes eu fiquei ouvindo ela falar e pensava comigo mesma: O que eu faço agora? 
Percebi depois de alguns dias que não poderia fazer nada, nem se existisse algo a ser feito. 
Há dores que precisam ser sentidas, corações que precisam gritar, medos que precisam existir para que possamos enfrentá-los e principalmente há amores que precisam de cura. 
Eu percebi que ela precisava e precisa viver esse luto. Essa perda. Ela precisa esvaziar o coração, deixá-lo totalmente vazio, para que assim seja limpo, e se torne terra fértil para plantar e florecer novos amores, por novas pessoas. 
Porque existirão novas pessoas, novos amores e novas histórias. A vida é isso. Não dá pra controlar quem sai e quem entra, não da pra escolher quem fica e quem vai, na grande maioria das vezes a gente só pode rezar para que aqueles que amamos fique, e agradecer sempre pelos que ficaram. É isso. Somos uma constante soma de pessoas que ganhamos e subtrações de pessoas que perdemos, sem nunca perder nossa essência.
Eu disse a ela que era ele quem estava perdendo - e eu nem precisava falar isso, sei que no fundo ela tem consciência. Eu disse o que toda amiga diria: “Você é demais para ele.” Mas percebi que isso não ajuda. Menosprezar o outro para engrandecê-la não diminui o amor dela, muito menos a dor. Só a faz sofrer ainda mais por achar que se fosse realmente tão suficiente ele ainda a escolheria. 
Mas agora eu gostaria de dizer a ela que tudo bem não estar bem. Tudo bem chorar até dormir nas noites em que a saudade apertar, tudo bem não conseguir reagir de imediato, tudo bem ser fraca. Tudo bem. Tudo bem achar que nunca vai conseguir supera-lo, ou confiar novamente, ou até mesmo amar novamente. Demora um pouco, mas passa. E embora eu saiba disso, sei que ela não vai entender agora, muito menos aceitar. Não sentir mais essa dor significa que ela seguiu em frente, e ela ainda não está preparada para não amá-lo mais. 
Quando passamos uma vida amando alguém, é difícil perder esse hábito, mesmo que essa pessoa mereça, mesmo que você saiba que é o melhor. Deixar de amar é a parte mais difícil para quem ama. É uma batalha travada diariamente consigo mesma, uma batalha que na grande maioria das vezes nós perdemos. Você aprende a amar alguém dia após dia, nos detalhes, nas pequenas coisas, nos pequenos gestos de carinho, nos pequenos momentos, nas horas vagas, no boa noite dito, no eu te amo sussurrado. Você aprende a amar no decorrer dos filmes que você assiste só porque ele gosta, no cochilar dos filmes só para agrada-lo. Você aprende a amar quando divide a sobremesa, quando conta piadas sem graça e mesmo assim ele sorri, quando faz humor negro e ele entra na brincadeira. Você aprende a amar gradativamente. E quando se dá conta você ama tanto que não é preciso mais pequenos detalhes para sentir esse amor. Você apenas sente. Não importa se ele esqueceu de dar bom dia, ou se ela brigou por causa da roupa suja. Não importa se ela queimou o arroz, ou se ele quebrou o copo na pia. Não importa se ele continua te surpreendendo, ou se ela continua disposta sempre que ele quer. Quando se ama, isso se torna consequência. Nos acomodamos porque achamos que o amor não precisa ser cortejado depois de conquistado. Equivocadamente nós pensamos que só o amor basta. E deveria. Só o amor deveria ser o suficiente para fazer alguém ficar. É tão injusto essa coisa de “desamor”, principalmente quando uma das partes ainda tem amor de sobra para recomeçar, para tentar, para submergir. 
É como aquela frase famosa do Titanic - “Você pula, eu pulo.” É assim o amor. Recíproco. Uno. Inteiro. A partir do momento que você está pulando sozinho é porque definitivamente algo não está certo. Ninguém merece pular sozinho, ainda que saibamos que o amor é um tipo de precipício onde você pula sem olhar para baixo, na esperança de que alguém esteja pulando com você ou esperando para te amparar quando chegar ao chão. Quando tudo está certo, ele é incrível, mas quando alguém desiste a queda é inevitável. E não existe nada que possamos fazer alem de levantar, sacudir a poeira e seguir em frente, machucada ou não, sempre em frente, na esperança que da próxima vez exista alguém bom o bastante te esperando lá embaixo quando você chegar.
Depois de algum tempo percebemos que no final das contas talvez não seja a pessoa que nós esperamos, mas sim aquela que está esperando por nós. E entendemos que sempre vai existir uma nova chance, não só para o amor, mas para nós mesmos. 
- Maria Fernanda Sollero