Hoje a saudade veio falar comigo sobre você. Não é sempre que ela vem, mas quando acontece parece que meu corpo inteiro leva uma surra, fica difícil até respirar, mas com o tempo eu fui aprendendo a lidar não só com ela, mas também com a dor e a falta.
Falta do seu perfume no meu travesseiro, ou dos cabelos que você deixava espalhadas no meu boxe todas as vezes que se banhava na minha casa. Falta da sua risada escandalosa vinda da sala, quando você estava no telefone com uma amiga, ou quando achava algo tão engraçado que não conseguia se conter. Confesso, nunca me recuperei da falta de sua risada. Ela preenchia o ambiente, alegrava minha vida, me fazia sorrir também.
Falta da voz de bebê que você fazia com o meu cachorro, e que você deixou mal acostumado com pão depois do jantar. Na verdade, deixou mal acostumado com tudo, até hoje ele dorme dentro de casa porque você dizia que ele se sentia sozinho no quintal. Falta da sua implicância quando eu trocava filme de comédia romântica pelo futebol de quarta, e da sua mania de querer sempre ter razão, mesmo quando não tem.
Falta do seu macarrão, que era a única comida que você sabia fazer, mas que era realmente maravilhoso. Falta de ver você só de calcinha na minha cama, e isso me faz pensar que talvez eu não tenha sido grato o suficiente, ou bom o bastante, ou inteligente, ou engraçado, ou até mesmo romântico.
Falta do seu jeito de me atiçar, de me tentar, e de me provocar. Falta de me esquentar em você, por dentro e por fora.
Sinto falta de você. Todinha; de cada mínimo detalhe seu; daquela sua pinta no meio das costas que eu adorava acariciar; das suas manias, que eu já sabia de cor; do seu jeito desajeitado de ser; eu sinto falta até de brigar com você, de te ver enciumada ou chateada, de saber que você se importava. Eu sinto falta de pode olhar para você, ouvir sua respiração enquanto dormia, admirar o contorno da sua boca, a textura dos teus cílios, a maciez dos teus cabelos.
Puta merda! Que falta eu sinto do teu cabelo; de puxar, de cheirar, de beijar, de sentir, de fazer cafuné, de pentear...
Sinto falta de cuidar de você e de ser cuidado por você. Sinto falta. Sinto muita falta.
A saudade é como gripe. Vira e mexe ela aparece, nos primeiros dois dias te derruba, a cabeça dói, o corpo dói e parece que só dormindo que passa; depois ela ameniza, mas ainda tem aquele incomodo da coriza, dos olhos lacrimejando, da tosse, dos espirros, do congestionamento nasal. Em determinado momento você sara, parece que passou, e acha que nunca mais vai ficar gripado, mas é só questão de tempo ou de uma virada no tempo, vai saber?!
Do lado de cá, eu vou levando a vida. Não tem sido fácil. Quem disse que seria? Eu ainda penso tanto em você, até mesmo quando não quero, ou nas situações mais banais. Você não sai de mim, e eu até queria que saísse, pra ver se consigo ver o mundo de outra cor que não seja a sua ou essa que vejo agora. Uma nova cor, um
novo ar, uma nova chance.
novo ar, uma nova chance.
Mas ainda me pergunto como está você, ainda me pergunto se ainda se gripa no inverno, se ainda usa meias quando o tempo esfria, se ainda dorme de coberta mesmo no calor ou com ventilador ligado mesmo no frio. Eu ainda me pergunto se você tem preguiça de lavar o cabelo, e usa sempre aquele pijama velho dentro de casa. Será que você ainda é a mesma pessoa? Será que você ainda sorri quando está no telefone? Será que sua risada ainda chama atenção? Será mesmo que você existiu, ou será que foi tudo fruto da minha imaginação?
Você bem que podia aparecer as vezes, só pra me provar que é real, e a gente rir daquelas mesmas piadas, conta aqueles mesmos casos, ama daquela mesma maneira, e esquece tudo que passou.
Seria um sonho né? Seria mesmo um sonho!