Páginas

quarta-feira, 28 de agosto de 2019

DESCONSTRUÇÃO

Sabe aquela sensação ruim de quando você se sente completamente esgotada? Aquela sensação horrível de que você está lutando uma batalha invencível e cada vez que você entra na luta uma parte de você é desconstruída e aniquilada? 
Aquele sentimento de impotência, de exaustão; aquele momento em que você finalmente entende que não consegue mais aguentar o peso do mundo, e tem vontade de deixar tudo desabar, tem vontade de largar tudo e esquecer tudo e fingir que nada nunca existiu?

Eu estou parada nesse momento agora.
O momento em que percebi, depois de tantas porradas, depois de tanto pedaço arrancado sem permissão, depois de tanta luta... que não aguento mais lutar. Não aguento. Não posso mais ser o paraquedas de todo mundo quando tudo que fazem é me deixar à mercê da queda quando preciso. Não posso mais ser o escudo inabalável de todo mundo, se quando preciso de um não tenho ninguém. Eu não posso mais suportar tudo isso.

Por vezes, pensei que seria convarde demais desistir sem tentar. Que tipo de pessoa eu seria, se ainda nem havia começado e já queria abandonar o barco? Mas hoje, com todos meus sentimentos em ruínas, eu percebo que até para desistir é preciso ter coragem. Abandonar tudo é um ato de coragem, principalmente quando você entende que não existe saída, ou uma segunda opção.

Tudo que sobrou de mim, tudo que sou de todas as pessoas que amei, eu tenho que me orgulhar. Afinal, sou eu. Pedaços fragmentados de decepções, de tentativas frustradas, de confianças quebradas, mas que me tornaram quem sou. E digam o que disser, acarretem todos os defeitos que acharem que mereço, não podem dizer que amei errado. Não podem dizer que não fiz tudo que pude em se tratando de amor, de amar pessoas, e de me doar excessivamente.

Acho que chegou o momento de fazer mais por mim do que pelos outros. De cuidar mais de mim. Eu mereço.
Eu mereço esse tempo. Mereço a paz de poder me sentir inteira novamente, mereço o prazer de poder sorrir de verdade, de não ter que estar sempre lutando para salvar algo ou alguém. Eu mereço ser o motivo de luta de alguém. Eu mereço me priorizar. Pensar mais em mim, sem me sentir culpada ou egoísta. Eu mereço o amor que eu sempre doei. Mereço me reconhecer e sonhar todos os sonhos que deixei de sonhar. Eu mereço a vida que eu desejo ter.

Não guardo rancor, mágoa ou raiva do que já passei. Eu lutei as batalhas que escolhi lutar, e tudo bem se eu não ganhei todas, tudo bem se em algumas eu mais perdi que ganhei, ou se tive que abrir mão de pedaços que julgava imprescindíveis para continuar de pé. Não importa. O que importa é que aqui estou eu, de pé.

Exausta, porém mais viva do que nunca! 

Nenhum comentário:

Postar um comentário